África do Sul prepara homenagem para 44 mortos em mina de platina

AFP
22/08/2012 às 19:28.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:40
 (Stringer/AFP)

(Stringer/AFP)

JOHANNESBURGO - As autoridades sul-africanas se preparam para honrar na quinta-feira (23) a memória dos 44 trabalhadores mortos na mina de platina de Marikana, 34 deles pelas mãos da polícia. "Foi programada uma cerimônia de homenagem em Marikana", declarou nesta quarta-feira (22) o secretário-geral da presidência sul-africana, Collins Chabane, em uma entrevista a uma rádio pública.

Não haverá funerais coletivos, já que os corpos dos grevistas foram entregues as suas famílias, que em muitos casos vivem longe da mina de Marikana, situada a uma hora e meia de Johannesburgo, a capital econômica do país.

Outra cerimônia está prevista em Mthatha (Cabo Oriental), a cidade mais próxima do povoado de Nelson Mandela, no sul rural do país de onde muitos dos mineiros mortos são procedentes. "A maioria é proveniente de zonas rurais, é por isso que o Cabo Oriental prepara uma cerimônia", disse Chabane, que acrescentou que "em todo o país serão realizadas homenagens".

A maioria dos mortos era de trabalhadores migrantes, embora apenas um fosse estrangeiro, de Lesoto, minúsculo país encravado no imenso território sul-africano.

As bandeiras ondeiam a meio mastro desde segunda-feira, início de uma semana de luto nacional decretado pelo presidente Jacob Zuma, cujo governo é acusado de não ter prevenido o drama e de ter gerido de maneira desastrada a crise. "Não queremos que as cerimônias de homenagem se politizem", disse Chabane, que não informou se haverá representantes do governo em alguma das cerimônias de quinta-feira.

Há seis meses, a produção de platina na África do Sul, principal produtor mundial, vive fortes tensões exacerbadas pela crise mundial, em particular a automobilística, e que ilustram as más práticas sociais herdadas do passado que persistem no setor minerador.

Em Marikana, o drama ocorreu após as reivindicações salariais de 3.000 perfuradores, que realizam o trabalho mais perigoso.

O conflito se incendiou por rivalidades intersindicais, que deixaram 10 mortos, entre eles dois policiais, antes da intervenção das forças de ordem, que abriram fogo contra os grevistas, deixando 34 mortos e 78 feridos.

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