Agronegócio clama por socorro

Jornal O Norte
03/08/2006 às 10:53.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:41

Valéria Esteves


Repórter


valeria@onorte.net

Terminou ontem o quinto Congresso de agribusiness e os candidatos à presidência da República puderam falar o que farão para o agronegócio brasileiro se eleitos. O evento que aconteceu em São Paulo contou com presenças importantes, como a do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan e do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Luis Carlos Guedes Pinto entre outros.

Centenas de produtores, investidores, agroempreendedores de quase todas as partes do Brasil estiveram presentes ao evento, e puderam reclamar dos variados problemas enfrentados no agronegócio na atualidade.

LISTA

Os problemas mais pertinentes no momento são: quebra de safra por questões climáticas e por pragas, alta carga tributária, precária infra-estrutura que onera a produção e principalmente, a taxa de câmbio desfavorável, que na visão de Furlan é o grande paradoxo do país.

Em alguns lugares do Brasil, o agronegócio e a agricultura familiar têm se esforçado para continuar a produzir. Os produtores dizem até que têm medo de daqui a um tempo não terem condições de continuar na atividade por causa da pouca atenção que têm recebido do governo nos últimos anos.

Reclamam do pacote de R$ 50 milhões, alegando que não dá para pagar nem a metade das dívidas pendentes. O setor clama por socorro e o governo não resolve, dizem os produtores.

SITUAÇÃO

Nos últimos meses, os produtores têm se reunido em todo o Brasil para protestar contra o governo federal e suas medidas de renegociação das dívidas.




Momento em que os produtores norte-mineiros protestavam


contra o governo
(foto: Wilson Medeiros)

Em Montes Claros, a classe também se mobilizou. Mas os brasileiros estão atentos às propostas de cada candidato à presidência, como bem frisou o jornalista Alexandre Garcia em seus últimos comentários sobre o cenário político. Ele também palestrou no congresso e estudou as propostas dos presidenciáveis junto à classe rural.

No congresso, organizado pela Abag - Associação brasileira de agribusiness foram discutidos problemas da classe, sendo que o presidente da entidade, Carlo Lovatelli frisou que o agronegócio brasileiro é esteio da economia brasileira, acumulando nos últimos quatro anos um saldo comercial de US$ 116,3 bilhões.

- O desempenho das exportações é festejado, mas não incentivado. O saldo poderia ter sido muito maior, se o tratamento à política cambial tivesse sido outro e se a orientação da atuação brasileira nas negociações internacionais de comércio também tivesse sido outra- disse.

Para especialistas com a exceção de alguns setores específicos, como o de grãos e oleaginosas, a agricultura tem apresentado bons números e mostra a força do país.

COMPASSO

O recém-empossado ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Luis Carlos Guedes Pinto, admitiu que o setor público agrícola não acompanhou o desenvolvimento do agronegócio brasileiro, mas garantiu que o governo está atento às demandas.

No Norte de Minas, o setor aguarda por políticas que devolvam estabilidade à pecuária de leite e de corte, bem como para a própria agricultura, que agora será impulsionada pelo plantio de oleaginosas. Já tem produtor, inclusive, plantando mamona e pinhão manso para estar com a produção em dia no próximo ano, quando a usina de refinamento do óleo para o biodiesel passará a funcionar dependendo de sua produção.

Mesmo com a Petrobras tendo informado que a produção de oleaginosas está em atraso, já há alguns meses, os produtores se preocupam é em saberem como se dará a organização da cadeia. Na última segunda-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com representantes da classe rural para garantir que a redução dos impostos se dará se for preciso para alcançar o desenvolvimento e o sucesso da produção do biocombustível.

O agronegócio brasileiro é um dos mais inovadores e competitivos do mundo, mas para atingir a excelência completa é preciso se organizar melhor politicamente, afirmam representantes da cadeia do agronegócio.

JUSTIFICATIVA

A assessoria da Abag informou a O Norte que durante o quinto congresso, o presidente da entidade cobrou respaldo do governo na elaboração de políticas publicas que garantam ao setor competitividade e um ambiente seguro para atrair investimentos.

Sobre a questão, o ministro da Agricultura diz estar seguindo o mesmo profissionalismo deixado pelo ex-ministro Roberto Rodrigues, que por sinal pediu demissão por não estar satisfeito com a pouca atenção dada ao setor pelo governo federal. Vale comentar que Roberto pediu demissão pela terceira vez.

- Nesses últimos três anos e meio criamos diversos instrumentos para minimizar as crises periódicas que atingem o setor, como por exemplo o seguro agrícola, cuja lei foi criada por este governo - lembrou.

A alocação de recursos do governo federal para o setor tem que ser analisada como um todo, e não apenas observando o orçamento do ministério da Agricultura, segundo o ministro.

- Demos um apoio de R$ 1 bilhão aos produtores de soja, o que não acontecia há 20 anos. O agronegócio brasileiro terá neste ano cerca de R$ 3 bilhões, somando-se diversas iniciativas do governo. Esse valor é três vezes o orçamento do ministério da Agricultura deste ano.

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