O terceiro dia de julgamento do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o "Bola", acusado de matar e ocultar o corpo de Eliza Samudio, terminou mais cedo que os demais dias. O advogado do réu, Ércio Quaresma, alegou cansaço e pediu para a juíza Marixa Fabiane Lopes que suspendesse a sessão. A magistrada atendeu ao pedido e determinou que o julgamento recomece na quinta-feira (25), a partir das 9 horas. A decisão foi durante o depoimento do delegado Edson Moreira, que presidiu o inquérito sobre a morte de Eliza. Já haviam se passado cinco horas desde que ele começou a ser ouvido no plenário do Fórum Doutor Pedro Aleixo, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, quando o defensor do réu alegou desgaste. A testemunha disse que não tinha roupas para ficar no hotel, onde deverá permanecer incomunicável até que a sessão seja iniciada. Com o argumento, a magistrada determinou que um oficial de Justiça o acompanhasse o delegado até a casa dele, para que providenciasse as vestimentas. Estratégia Os advogados de "Bola" tentaram nesta quarta-feira, mais uma vez, desqualificar o inquérito formulado pela Polícia Civil, que resultou na prisão do goleiro Bruno Fernandes de Souza, do ex-policial e de outros envolvidos no caso. Durante a manhã, a defesa do réu interrogou o jornalista José Cleves da Silva. Ele foi indiciado pelo delegado Edson Moreira como assassino de sua mulher. No entanto, a testemunha foi absolvida, por unânimidade, do crime. Em seu depoimento, o jornalista contou que a "arma" encontrada e apontada como sendo a usada no homicídio foi "plantada" pela polícia. Com a estratégia, os advogados de "Bola" esperam convencer os jurados que o inquérito formulado por Edson Moreira pode ser falho e o ex-policial vir a ser condenado injustamente. À tarde foi a vez do delegado começar a ser ouvido. Logo no início, houve um embate entre ele e Ércio Quaresma. Moreira pediu para ser interrogado como autoridade policial, mas o advogado alegou que, atualmente, ele exerce a função de vereador e, portanto, teria que prestar depoimento como testemunha. A juíza acabou o pedido do defensor. Durante o interrogatório, que durou cinco horas e será retomado na quinta, o delegado descartou que Eliza Samudio tenha sido esquartejada na casa de "Bola" e que a mão da ex-amante do goleiro não foi atirada para cães. Essas versões permanecem sendo trabalhadas pelo promotor Henry Wagner Vasconcelos. Mas Moreira foi categórico e voltou a incriminar o ex-colega de profissão. "Estamos diante de um especialista na arte de matar". Na versão no delegado, a ex-amante do goleiro foi morta por asfixia. Ele disse que o crime foi presenciado por Luiz Henrique Romão, o "Macarrão", e Jorge Luiz Rosa Sales, primo do atleta. Questinado por Quaresma se o inquérito foi baseado em simulação, o delegado respondeu: "uma coisa é o que o menor narra, e outra é a experiência de 33 anos que possuo na Polícia Civil". E declarou: "ele (Bola) não queria que os dois soubessem o destino do corpo"