(Frederico Haikal )
Moradores das regiões da Pampulha e Centro-Sul de Belo Horizonte, na terceira idade: esse é o perfil dos principais alvos do chamado "Golpe do Motoboy", em crescimento na capital mineira. O alerta é da Polícia Civil de Minas Gerais, que investiga a ação de criminosos após denúncias, principalmente, de moradores dessas duas regiões, tradicionalmente de maior poder aquisitivo e com limites mais altos no cartão de crédito.
A fraude tem esse nome porque a vítima, geralmente da terceira idade, é induzida a entregar o cartão de crédito ou débito para um susposto motofretista a serviço do banco. Primeiro, o correntista recebe a ligação de um estelionatário que se passa por funcionário do setor de segurança da instituição financeira, citando dados verdadeiros e uma série de compras supostamente realizadas fora do padrão de gastos. Quando a vítima contesta as compras, o golpista a orienta a realizar uma nova ligação para o banco na qual confirmará alguns dados e pedirá estorno das despesas indevidas em seu cartão. Nesse momento, os fraudadores prendem a linha do telefone, de forma que a ligação seja direcionada novamente para a quadrilha.
Segundo a delegada titular da 1ª Delegacia Especializada em Investigações de Fraudes de BH, Cláudia Marra, a vítima ainda é orientada a cortar o cartão preservando o chip e a escrever uma carta de próprio punho, informando que não reconhece as compras. O pretexto é que o chip seria usado pela Polícia Civil para uma possível investigação, o que não é verdade, conforme a delegada.
"Não existe nenhum tipo de convênio com bancos ou associações para realizar esse tipo de serviço", esclarece Cláudia Marra, à frente das investigações. Outra caracerística é que o golpe é aplicado no fim do dia, quando o expediente bancário já foi encerrado. A orientação da polícia é denunciar sempre.
A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) reforça que nenhum banco envia representante na casa do cliente para coletar cartão de débito ou crédito. A orientação é que o consumidor, quando for destruir um cartão, sempre corte também o chip ao meio. Mesmo com o plástico cortado, é possível fazer transações se o chip estiver intacto. Na maioria das vezes, os cartões são usados para a compra de bebidas e aparelhos eletrônicos.
Vítimas em todo país
Há vítimas também em outros estados. Em São Paulo, por exemplo, só no escritório Aith, Badari e Luchin Advogados, foram atendidos cerca de 15 casos desde o início do ano. De acordo com o advogado Renato Falchet Guaracho, que atua nas áreas do Direito Civil, do Consumidor e Empresarial, apenas um dos clientes do escritório teve prejuízo de cerca de R$ 62 mil, sendo que quase R$ 59 mil foram gastos no cartão de crédito e mais R$ 3 mil no cartão de débito.
O advogado aponta que, em alguns casos, há funcionários de bancos envolvidos. "Um dos nossos clientes fez boletim de ocorrência e o suspeito foi preso fazendo compras em um shopping. Depois, a polícia verificou que ele era funcionário do banco", relata Falchet .
Por meio de nota, a Febraban informou que "os bancos investem anualmente cerca de R$ 2 bilhões em sistemas e ferramentas de segurança da informação para possibilitar que os consumidores façam operações com maior tranquilidade e comodidade". E que "trabalham com critérios rígidos de confidencialidade para garantir o sigilo das informações de seus clientes". Sobre o envolvimento de funcionários de bancos, a Febraban esclareceu que, "quando foi confirmada a participação de funcionários dos bancos, eles foram desligados e as autoridades foram notificadas para tomar as medidas cabíveis".
Confira as dicas de segurança dos bancos: