(Amira Hissa/PBH)
Para o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), fechar o aeroporto Carlos Prates, na região Noroeste da cidade, seria "radicalizar" e tomar "decisões precipitadas". O mandatário da capital disse, nesta quarta-feira (23), que não é possível fechar a unidade e defendeu, em vez da interdição, mais fiscalizações no posto. "Desde que avião voa, avião cai", declarou.
As opiniões foram dadas durante uma coletiva de imprensa, na sede da prefeitura nesta manhã, onde a PBH lançou o projeto "Carta para Você", de troca de correspondências entre alunos das redes públicas e particulares de ensino com idosos que vivem em asilos da cidade.
Foi do aeroporto Carlos Prates que partiu o avião que caiu na última segunda-feira (21), na rua Minerva, no bairro Caiçara, também na região Noroeste. Três pessoas morreram na hora e outras três haviam sido levadas para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS). Na tarde dessa terça-feira (22), o piloto da aeronave, Allan Duarte de Jesus Silva, de 29 anos, que teve mais de 90% do corpo queimado, teve o óbito confirmado pela Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais. As outras duas vítimas seguem internadas.Amira Hissa/PBH
Nesta quarta-feira, Alexandre Kalil lançou projeto em que alunos de escolas de BH trocam cartas com idosos de asilos e casas de repouso na capital
Nos últimos 11 anos, foram oito acidentes com aeronaves que partiram do Carlos Prates. Na opinião do prefeito, há legitimidade no pedido de parte dos moradores do Caiçara e bairros adjacentes que solicitam o fechamento do ponto de aviação. Contudo, para ele, a cidade deve pensar com equilíbrio e não tomar uma decisão "precipitada", como fechar o aeródromo.
"Tudo que é um desastre é chocante. Choca como prefeito, choca como ser humano. No Anel Rodoviário nós tivemos 40 mortes este ano. Seria uma boa ideia fechar o Anel? Então são coisas que tem que ser investigadas, são coisas que que tem que ser pensadas de forma equilibrada. Não podemos radicalizar e tomar decisões precipitadas por um avião, que, segundo vocês da imprensa noticiaram, estava acima do preso estava irregular", comentou.
Fiscalização
Questionado então se há alternativas que podem ser tomadas com relação ao aeroporto, o político sugeriu que houvesse um aumento das fiscalizações no terminal, a fim de evitar novas tragédias. "Deveríamos aumentar a fiscalização no Aeroporto Carlos Prates, mas não podemos fechar aeroportos. Porque nós temos que lembrar que nós temos que fechar então temos que fechar Congonhas, Santos Dumont, o (aeroporto da) Pampulha. Porque avião cai mesmo. Desde que avião voa, avião cai”, afirmou.
Mesmo com a negativa da prefeitura, moradores do Caiçara prometem se mobilizar. Nas próximas semanas, um abaixo-assinado percorrerá o comércio do bairro, além de uma coleta de assinaturas virtual. Haverá ainda um protesto com balões brancos e os moradores querem celebrar um culto ecumênico em memória às vítimas.
Carolina Quelotti, umas das organizadoras da reunião da última segunda-feira (21), que definiu as ações, diz que foi criado um grupo no WhatsApp e outro no Telegram, com comitês de trabalho. "Inicialmente vamos pleitear o fechamento do aeroporto, mas isso vai depender do que a gente conseguir de informações para levar ao poder público", afirmou.
Como plano B, o grupo vai tentar audiências públicas na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. A professora Duda Salabert, que mora no bairro e participou da reunião, se comprometeu a verificar como estão as licenças ambientais do empreendimento, para possíveis questionamentos jurídicos.Editoria de ArteClique para ampliar o mapa
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