'Aliviada', diz uma das mineiras que denunciaram João de Deus; médium se entrega à polícia

Renata Galdino*
16/12/2018 às 17:28.
Atualizado em 05/09/2021 às 15:36
 (Cesar Itiberê/Fotos Publicas)

(Cesar Itiberê/Fotos Publicas)

“Estou aliviada. A justiça está sendo feita”. Com esse desabafo, a mineira Roberta**, de 41 anos, recebeu a notícia de que o médium João de Deus, de 76, está preso. A mulher é uma da mais de 300 de todo o Brasil que denunciam o religioso por abuso sexual. Em Minas, pelo menos 11 já tinham procurado o Ministério Público (MP). O líder espiritual se entregou à Polícia Civil de Abadiânia, em Goiás, na tarde deste domingo (16), conforme o advogado dele, Alberto Toron.

Roberta contou ter prestado depoimento na última quinta-feira (13) no Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). Os relatos, segundo ela, serão enviados para os promotores de Goiás, onde está concentrada a força-tarefa que apura as acusações.

Apesar de o caso dela ter prescrito - o suposto abuso teria ocorrido há 28 anos -, a profissional liberal afirma que as declarações podem apoiar partes do inquérito. “Fico indignada que, depois de tantas denúncias, há pessoas que ainda não acreditam que isso tudo aconteceu. O que uma vítima sozinha iria fazer? Ele é uma pessoa idolatrada por muita gente”.

Depoimento

João de Deus deve ser levado para Goiânia, onde prestará depoimento. Por conta da idade avançada, a expectativa é a de que ele fique detido em uma cela individual.

O advogado do médium planeja apresentar um pedido de habeas corpus. Segundo Alberto Toron, não há contemporaneidade entre as denúncias contra o religioso e a necessidade de prisão.

A explosão de queixas contra o líder espiritual começou no último dia 7, após a TV Globo veicular relatos de supostas vítimas de João de Deus. As acusações vieram de Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Pernambuco, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Pará, Santa Catarina, Piauí e Maranhão, e pelo menos seis países - Alemanha, Austrália, Bélgica, Bolívia, Estados Unidos e Suíça.

O crime teria ocorrido durante sessões espirituais no Centro Dom Inácio Loyola, em Abadiânia. Segundo a Promotoria, João de Deus oferecia "atendimentos particulares" a mulheres após os tratamentos, momento em que os abusos seriam cometidos.

* Com Agência Estado

**Nome fictício

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