Diante do cenário de alta na taxa de juros e com a necessidade de fazer o dinheiro render, muita gente está optando pela contratação de consórcios. O movimento fez o setor registrar, em maio, o quarto mês de crescimento consecutivo: 15,6% na comparação com o mesmo período de 2021, segundo a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac).
Foram 1,18 milhão de cotas de consórcio vendidas nos quatro primeiros meses de 2022. Os setores mais buscados foram os de eletroeletrônicos e outros bens móveis duráveis, (196,6%); veículos pesados, (96,6%); imóveis (20,3%); e motocicletas (8,8%).
“Temos percebido um crescimento sobretudo entre os consumidores jovens, que são atraídos pela confiança do sistema de consórcios, que é muito fiscalizado, e pela inovação do setor. Eles vêm pela facilidade de contratação digital e diversidade de produtos. Hoje tem consórcio até para aquisição de jogos”, diz Píndaro Luiz de Sousa, diretor da Abac em Minas.
Alan Castilho, de 24 anos, acabou escolhendo esse caminho para adquirir o carro novo. “Não sabia bem como funcionava, mas foi fácil. Sem o consórcio, também seria mais demorado ter o carro. Quando fui sorteado fiquei muito feliz”.
O consórcio de veículos, que cresceu 2,8% em 2022 e deve movimentar R$ 23 bilhões neste ano, também atraiu Lucinéia Pereira. Grávida, ela quis um carro por causa do crescimento da família. “Foi o jeito mais rápido e barato de trocar a moto por um carro. A gente vendeu a moto e deu o valor como lance do carro”.
Segundo a economista Mafalda Valente, professora da Faculdade Promove, é uma boa alternativa. “Nos consórcios, geralmente a análise de crédito é mais facilitada do que nos financiamentos, e os prazos e os valores de prestação muitas vezes são menores”.
Mas Píndaro Luiz, da Abac-MG, diz ser necessário planejamento e observação das taxas envolvidas. “O consórcio é mais atraente do que um financiamento, na maioria dos casos. Porém, é preciso verificar as taxas de administração e as formas de reajuste. Alguns consórcios vinculam o reajuste com a inflação e nesse caso pode não compensar”, avisa. “É um investimento bom principalmente para quem não tem pressa ou dispõe de recursos para dar um bom lance. Nesse caso, compensa”, afirma Píndaro.
Alternativa para aquisição de bens em tempos de Selic elevada atrai até grandes investidores
Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic, referência de juros básicos da economia, de 12,75% para 13,25% ao ano. É o maior nível desde janeiro de 2017, quando estava em 13,75% ao ano. Esse foi o 11ª reajuste consecutivo na taxa Selic. O contexto favorece investimentos em papéis vinculados à Selic, mas torna interessante também o investimento em consórcio para quem pretende adquirir bens.
“Os consórcios têm um tipo de prestação fixa, é isso que os torna atrativos. Têm uma taxa administrativa e não têm juros. Essa taxa acaba diluída nas prestações do consórcio. Hoje em dia essa taxa é melhor que os juros”, avalia a economista Mafalda Valente.
De acordo com o diretor da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios em Minas (Abac), Píndaro Luiz Sousa, a opção tem sido adotada inclusive por clientes com maior poder de investimento.
“Temos clientes de grande porte, do setor de transportes, por exemplo, que estão utilizando a modalidade de consórcio para aquisição de veículos e máquinas. Retirando recursos de investimentos para adquirir bens em consórcio”.
Existem diferentes modelos de consórcio. O modelo padrão aplica a taxa de administração sobre o montante da carta de crédito e dilui o valor ao longo das prestações. Assim, o consumidor necessita fazer as contas e verificar se a taxa de administração, dividida pela quantidade de parcelas, será menor do que o rendimento da poupança. Nesse caso, compensa investir no consórcio.