Alunos de cursos profissionalizantes enfrentam olimpíada

Raul Mariano/Hoje em Dia
22/08/2014 às 08:02.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:53
 (Hoje em Dia)

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Quando se matriculou no curso técnico de eletrônica, em 2011, Alexsander Pereira, de 18 anos, nem sequer fazia ideia de como funcionava a área de Instrumentação e Processos de Controles Industriais. Mas não demorou muito para que o jovem se envolvesse com o procedimento e ganhasse afinidade com a técnica, que é utilizada para medir os níveis de pressão, vazão e temperatura de diversos equipamentos na indústria.

Cerca de um ano depois, ele já era destaque entre os colegas de curso. No ano passado, foi selecionado para a etapa estadual da Olimpíada do Conhecimento. O desempenho foi tão bom que ele agora participa da fase nacional.

Com planos de cursar Engenharia de Controle e Automação e trabalhar na Petrobras, Alexsander é um dos 800 alunos da educação profissional de todo o país que vão participar do evento promovido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), entre os dias 3 e 6 de setembro, no Expominas, em Belo Horizonte.

No torneio, os jovens terão que cumprir tarefas que simulam a rotina profissional, seguindo padrões de exigência internacionais com períodos de tempo cronometrados. A partir disso, o desempenho será medido como forma de avaliar o ensino técnico oferecido pelas escolas do Senai e Senac.

A olimpíada vai reunir alunos de destaque em 58 ocupações técnicas nas áreas de tecnologia, construção e edificações, moda e criatividade, comunicação, serviços, transporte e logística, serviços da agroindústria e, ainda, modalidades para pessoas com deficiência.

Para Gustavo Leal, diretor nacional de Operações do Senai, o objetivo principal do evento é divulgar o ensino técnico para os jovens brasileiros.

“A educação profissional precisa ser aceita no Brasil, como acontece em outros países. É uma excelente alternativa para jovens que saem do ensino médio e, muitas vezes, fazem cursos de ensino superior que têm pouca demanda no mercado”, alerta.

Procura é baixa

Dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revelam que somente 6% dos jovens brasileiros com até 25 anos buscam a educação profissional como alternativa. O percentual é 35% maior em países desenvolvidos. Na Finlândia, chega a 50% e, na França, alcança 58%.

Por outro lado, a absorção da mão de obra técnica pelo mercado de trabalho no Brasil é alta. Pesquisa realizada pelo próprio Senai mostrou que, em 2010, cerca de 72% dos profissionais formados pela instituição conseguiram emprego no primeiro ano após a conclusão do curso.

A valorização é outro fator apontado como um incentivo para que mais jovens optem pelo ensino técnico. “Em média, o salário inicial de um técnico é de R$ 2 mil. Isso é maior do que a média salarial de muitos profissionais de nível superior em início de carreira, como administradores e advogados, por exemplo”, comenta Leal.

“O ensino profissionalizante é uma alternativa para o país e a sociedade está percebendo, aos poucos, que essa é uma possibilidade de crescimento”, destaca.

Cursos variados para atender a múltiplos talentos

Se engana quem pensa que o ensino profissional voltado para a indústria é destinado apenas aos homens. Há várias mulheres ocupando espaços de destaque no setor, como a jovem Prisley Fábia, de 19 anos, que irá competir na etapa nacional da Olimpíada do Conhecimento.

A estudante começou a jornada no ensino técnico no curso de Confecção de Roupas, mas, pelo fato de a categoria não competir na etapa nacional, Prisley aproveitou as habilidades manuais que possui e acabou migrando para a Pintura Decorativa.

Entusiasmada com a competição, a jovem relata que tem se dedicado bastante e já faz planos para a carreira.

“No futuro, quero cursar arquitetura e envolver moda e pintura em uma coisa só. Acho que estou no caminho certo”, diz.

Garoto de ouro

Já o jovem Jonathan Bergson, de 20 anos, descobriu o grande talento na área de web design. Ganhador da medalha de ouro na etapa estadual da Olimpíada, ele não esconde o desejo na etapa nacional.

“Quero ganhar novamente o ouro”, diz. “Comecei meus estudos no design gráfico e, logo depois, cheguei a estudar serigrafia. Mas foi estudando web que eu me envolvi de verdade. Hoje, além de treinar oito horas por dia para a olimpíada, eu ainda estudo Produção Multimídia no Uni-BH”, conta.





 

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