Ainda sem lugar para as aulas, centenas de alunos do câmpus Leste da Universidade de São Paulo (USP) fizeram um protesto na tarde desta segunda-feira, 10, em frente à reitoria da instituição, na Cidade Universitária, zona oeste da capital. O terreno da USP Leste está interditado pela Justiça há dois meses por causa de problemas ambientais.
A segunda-feira foi escolhida para a manifestação por ser a data prevista pela reitoria para o início do ano letivo da unidade. A administração, porém, comunicou na véspera do carnaval o adiamento das aulas para o próximo dia 24. Nas outras unidades, as atividades acadêmicas começaram em 17 de fevereiro, como previa o calendário oficial da universidade.
De acordo com estimativas dos organizadores, cerca de 600 pessoas, a maioria estudantes, participaram da marcha - segundo a Guarda Universitária foram 200. Com faixas, tambores e apitos, o grupo fez um "rolezinho" pelo câmpus Butantã, passando em frente aos prédios da reitoria e por dentro da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH).
Na porta do edifício da administração central da USP, os manifestantes cobraram da reitoria respostas sobre os locais alternativos para as aulas. O reitor da universidade, Marco Antonio Zago, no cargo a pouco mais de um mês, não apareceu para falar com o grupo nem tem encontros previstos com os alunos da USP Leste.
Logo depois da passeata, dois professores da unidade interditada fizeram um ato simbólico: aulas públicas para discutir a crise na unidade, uma em frente à reitoria e outra dentro de uma tenda cultural do câmpus. Parte dos docentes e dos estudantes planeja fazer novas aulas em espaços públicos.
Expectativa.
Matheus Barbosa mal teve tempo para comemorar a aprovação no curso de Gestão de Políticas Públicas da USP Leste e já entrou na luta por uma sala para ter aulas. Enquanto alguns amigos, também calouros, estavam em classe nas outras unidades da USP, ele participava do protesto. "É uma expectativa difícil, mas não pretendo desistir do curso. Vou lutar até ter um espaço para as aulas", contou o jovem, de 17 anos.
A assessoria de imprensa da USP informou que não houve avanços nas negociações para encontrar um local para cerca de 5 mil alunos da USP Leste. Ao mesmo tempo em que tenta desbloquear o câmpus na Justiça, a reitoria procura alternativas. Foram cogitadas Faculdades de Tecnologia (Fatecs) da região, mas a ideia não foi à frente. De acordos com professores da unidade, a reitoria busca agora prédios de faculdades privadas na zona leste.
Professores e alunos temem que o primeiro semestre seja perdido por causa dos sucessivos adiamentos. Na sexta-feira, 7, a Associação dos Docentes da universidade protocolou uma petição na Justiça para informar a juíza responsável pelo caso sobre a falta de participação da Comissão Ambiental da USP Leste nas discussões da reitoria sobre a despoluição do câmpus, contaminado por gás metano e óleos minerais cancerígenos.
O último parecer do Ministério Público Estadual sobre o câmpus na zona leste foi dado em 25 de fevereiro. Na ocasião, o MPE se posicionou mais uma vez contrário à liberação do local. Segundo documento enviado à Justiça, não é possível afirmar que o risco de explosões está afastado. A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) informou na época que "os últimos dados de medição dos gases na área continuam não constatando uma situação de risco iminente", mas é necessário remover o metano.
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