Durante cinco dias, cerca de 150 estudantes e 20 professores de escolas públicas de Vespasiano estarão juntos para desmistificar o ensino e a aprendizagem da disciplina
Desmistificar o bicho-papão da matemática por meio de estratégias visuais e colaborativas é o foco de um curso que vai ocorrer em Vespasiano, na Grande BH. Serão cinco dias de atividades com 150 alunos, do 5º ao 9º anos do Ensino Fundamental, e 20 educadores da rede municipal. O aprendizado começa na próxima segunda-feira (22).
A abordagem do Curso de Férias Mentalidades Matemáticas (MM) foi desenvolvida na Universidade de Stanford (EUA). A proposta foi trazida ao Brasil pelo Instituto Sidarta. Em parceria com o Itaú Social, o programa transforma a vida de educadores e estudantes.
Em oito anos, já são quase 12 mil professores formados ou em formação e cerca de 1,1 milhão de estudantes impactados em quase 30 cidades, como São Paulo, Cruz (CE), Altamira (PA), Campo Grande (MS), Ponta Grossa (PR) e Santana do Ipanema (AL).
Vespasiano foi a primeira cidade a adotar a abordagem de forma sistêmica no ensino da disciplina. Em dois anos e meio, mais de 250 professores participaram de atividades de formação continuada e mais de 11.800 alunos foram beneficiados pela aplicação da abordagem nas salas de aula.
Durante os cinco dias do Curso de Férias, os professores terão aulas teóricas no início da manhã e depois aplicarão os conceitos do MM na prática com os alunos. Divididos em 10 turmas, os estudantes vão mergulhar no universo de criatividade, inovação e colaboração da abordagem de ensino. As aulas serão feitas na Escola Municipal Jose Silva, no bairro Nova Pampulha.
Os alunos farão ainda uma avaliação para medição da aprendizagem com o objetivo de calcular a eficácia do programa. Em 2020, a cidade de Cotia (SP), a primeira do país a receber o Curso de Férias Mentalidades Matemáticas, obteve um resultado expressivo: os alunos de 4º e 5º anos que participaram da imersão de 10 dias tiveram um salto equivalente a 1 ano e 3 meses em escolaridade matemática, calculado pelo desempenho na avaliação MARS (Mathematics Assessment Resource Service).
“Os resultados positivos em Cotia trouxeram evidências contundentes de que a abordagem MM tem um grande potencial para alavancar o aprendizado matemático de estudantes brasileiros. Com isso, iniciamos estudos em parceria com instituições universitárias para criar novas modalidades de aplicação do programa que possam ser implantadas em diversos contextos, seja como programa de férias, pós-aula ou outro formato, e, ao mesmo tempo, garantir os pilares fundamentais da abordagem”, explica Marina França, gerente de inovação educacional do Mentalidades Matemáticas .
“A abordagem Mentalidades Matemáticas vem crescendo consistentemente e continuamente em Vespasiano. Quando começamos a formação, não imaginávamos o quanto essa comunidade educativa se apropriaria dos conceitos para se tornarem os principais protagonistas da mudança de prática em sala de aula. É nítido ver o quanto os educadores que passaram pelo processo se sentem hoje mais fortalecidos, não apenas em matemática, mas também capazes de enfrentar novos desafios", afirma Ya Jen Chang, presidente do Instituto Sidarta.
Já a gerente de Desenvolvimento e Soluções do Itaú Social, Sonia Dias, lembra que estudos nacionais e internacionais que avaliam o desempenho do estudante brasileiro mostram uma defasagem na aprendizagem em matemática. "É importante destacar que carreiras ligadas à matemática são as mais rentáveis no Brasil, porém elas são formadas majoritariamente por homens brancos, conforme mostra a pesquisa recente realizada pela Fundação Itaú. Tornar a aprendizagem atrativa aos estudantes de todas as classes sociais, gênero e etnias é fundamental no contexto escolar, além de refletir na escolha das profissões no futuro”, diz a gerente de Desenvolvimento e Soluções do Itaú Social, Sonia Dias.
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