Publicações da professora Cléo Mendes proporcionam a admiradores uma nova oportunidade de viajar na poesia do saudoso Georgino Júnior
(DIVULGAÇÃO)
Cléo Mendes nasceu em Espinosa, no Norte de Minas, mas vive em Montes Claros há mais de 50 anos. Formada em Pedagogia pela Unimontes, é mestre e doutora em Educação na UFMG. Viúva do professor, poeta, jornalista, compositor e artista plástico Georgino Júnior, Cléo aceitou o desafio de lançar, ano passado, o livro “Duelo ao Pôr do Sol”, escrito por ele. E mais: lançou também “Biografia Amorosa”, um livro/ carta onde relata uma cumplicidade amorosa de 50 anos.
Quais foram os desafios para lançar o livro “Duelo ao pôr do sol - Poemas de madureza”?
No princípio, me vi quase impossibilitada de realizar. Não me sentia forte o suficiente para enfrentar tudo que estava por vir, sem tê-lo (o marido) ao meu lado. Ele havia deixado pronto um livro de arte-poemas ilustrados, que já estava com data marcado para lançamento bem antes dele adoecer. Com a morte dele, não tinha como me esquivar dessa tarefa. Os maiores desafios não foram propriamente os de ordem material e sim emocional. Tudo estava programado para acontecer no dia do aniversário dele, isto é, três meses após a sua morte. Muito pouco tempo para eu me refazer da imensa perda. Tive que vencer minha dor, sua falta e minha saudade para dar conta de realizar o projeto. Mas, com a ajuda de algumas pessoas, dentre elas José Francisco Morais,
Chorró, que foi o responsável pela editoração e todo o projeto gráfico do livro. As outras pessoas foram os meus filhos que se empenharam e me deram todo o apoio necessário para que esse sonho fosse realizado. Conseguimos fazer tudo como ele queria e no dia 24 de janeiro de 2019 aconteceu o lançamento do livro “Duelo ao Pôr do Sol”.
Como foi a recepção de sua família quando você revelou que estava escrevendo um livro?
Logo após a morte de Júnior, o jeito que encontrei para não me desestruturar foi me envolvendo com nossas lembranças. Fui pra Toca, local onde ele se inspirava e exercia sua arte e ali fiquei vários dias, meio perdida. Revirava papéis, abria caixas antigas onde guardávamos nossas lembranças e me deparei com nossa correspondência. Eram várias cartas e poemas inéditos feitos para mim e desses, ele havia publicado apenas dois e, de um, apenas uma parte, por ser um poema mais lascivo. Meus filhos me viam ali, remexendo, digitando e ficaram meio sem entender. A princípio, nem eu tinha ideia de que escreveria um livro. Queria apenas lembrar dele e as cartas eram uma ponte que me ligavam a ele de alguma maneira. Comecei a dialogar com elas. E comecei a fazer isso digitando e, em dois meses, eu tinha praticamente um livro pronto. Passei a meus filhos para que lessem e opinassem.
Como foi o processo de “Biografia Amorosa”? Sabemos que além da escrita o livro passa por editora-ção, diagramação...
Logo após esse processo, procurei Chorró, que é o nosso editor, e expus a ele a minha ideia. Não queria um livro comum, o meu desejo era um livro mais elaborado, tendo as cartas originais nele retratadas. Chorró achou a ideia maravilhosa e, a partir daí, tudo foi acontecendo naturalmente. Fotografei todas as cartas originais e, dessa maneira, Chorró e sua arte fizeram o restante. Meus filhos foram os meus anjos nesse processo. Me apoiaram em tudo. Vários amigos e amigas do Face, onde eu publicava muita coisa, me estimularam a publicar um livro em vez de publicar no Face.
O que você diria para aqueles que irão ler “Biografia Amorosa” pela primeira vez?
O livro “Biografia Amorosa” conta uma história de amor. É um livro/carta que relata uma cumplicidade amorosa de 50 anos. Apesar de falar de um amor interrompido pela morte, não aborda a tristeza, nem se debruça sobre sentimentos de revolta ou de perda. É um livro que passa a mensagem de que “o amor sempre vale a pena” e que a morte não existe e as pessoas que amamos e que partem estarão sempre vivas em nossos corações enquanto houver aí uma centelha de amor e de boas lembranças.
E os planos para o futuro?
Planos, sempre temos. Quem está vivo sonha e quem sonha busca um jeito de realizar. Mas, meus sonhos estão diretamente ligados à obra de Georgino Júnior. Ele deixou um acervo imenso de desenhos, poemas, crônicas e romances. Inclusive, o próximo projeto é lançar o romance que ele deixou pronto, precisando apenas de uma revisão que já estou fazendo. Pretendo lançar em Janeiro de 2021, no próximo aniversário dele. Pretendemos (eu e meus filhos, sempre com a tutela de Chorró) também criar um espaço onde as obras dele possam ser vistas, apreciadas e adquiridas.
Como foi o convite para participar do AnimArte, evento que reunirá poesia com a performance, as artes plásticas e música.?
O AnimArte conheci através de Sibele que me convidou a colocar as obras de Júnior e o meu livro em exposição. Achei um projeto maravilhoso. Tudo que é arte é bom e estamos muito precisados de vivenciar coisas bonitas.