Amortecedor não tem prazo de troca. Ele pode rodar dez mil quilômetros em estradas ruins, esburacadas e “entregar os pontos”. Como pode durar mais de cem mil quilômetros se rodar sempre no asfalto liso, sem irregularidades. Isto significa que este componente deve ser verificado periodicamente, a cada 10 mil km, para verificar suas condições. A Monroe, maior fábrica de amortecedores do mundo, com filial no Brasil, tem dois pesos e duas medidas. Nos EUA, onde se respeita o consumidor, ela sugere em seu site a inspeção do amortecedor a cada 80 mil km. Nem sugere sua substituição, apenas a verificação se ele está ou não em boas condições. No site montado (copiado, aliás) por sua filial brasileira, a conversa é outra: na língua portuguesa, seus amortecedores devem ser substituídos, segundo “especialistas”, aos 40 mil km. Esta “empurroterapia” teve início há muitos anos, com uma propaganda da Cofap, que sugeria troca de seus amortecedores aos 30 mil km. Outras fábricas no Brasil, como a Nakata e a Monroe, aderiram à ideia e passaram a insinuar a substituição aos 30 mil ou 40 mil km. Nada que se justifique tecnicamente, simplesmente uma tentativa de aumentar seu faturamento. Desculpa As fábricas de amortecedores, consultadas sobre a diferença de comportamento entre matriz nos EUA e filial no Brasil, já tem pronta na ponta da língua a explicação para seu desrespeito com o consumidor brasileiro: “São as condições das nossas estradas que reduzem a vida útil e o prazo recomendado para se verificar os amortecedores”. É a própria conversa para boi dormir, pois quem roda em estradas de excelente pavimentação (as rodovias estaduais em São Paulo, por exemplo), terá amortecedores em bom estado por até mais de 100 mil km. O que não deixa de ser curioso, pois quem roda em estradas esburacadas, por exemplo, deveria inspecionar amortecedores em prazo até inferior aos 40 mil recomendados pela Monroe...