(Gaspar Nobrega/Divulgação)
Relatório divulgado pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) trouxe números preocupantes sobre o estado da água do rio Paraopeba e dos ribeirões Ferro e Carvão após o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Segundo o documento, além dos altos níveis de turbidez, foram encontradas quantidades de metais acima do limite considerado seguro.
Os dados foram coletados pelo Igam, pela Copasa, pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e pela Agência Nacional das Águas (ANA). No relatório, divulgado na quinta-feira (31), constam análises como temperatura, oxigênio dissolvido, turbidez, pH e concentração de sedimentos.
A análise que mede a turbidez da água foi feita pelo Igam, que registrou no primeiro dia após a tragédia o índice de 34500 NTU e, na última quarta-feira (30), o valor de 1502 NTU. O ideal, segundo a legislação para água doce superficial, é de até 100 NTU.
Em outra medição feita pela Fundação SOS Mata Atlântica, que está em expedição pelo curso do rio Paraopeba entre Brumadinho e Felixlândia, onde o rio deságua no São Francisco, o resultado foi ainda mais preocupante. De acordo com a fundação, a turbidez em Mário Campos chegou a quase 10 mil NTU na quinta.
A primeira análise do grupo foi feita 100 metros antes da área afetada pela lama e os resultados já demonstravam uma situação crítica. Em Mário Campos, onde os rejeitos já haviam atingido o rio, o cenário piorou. "Neste local sequer foi possível analisar outros indicadores a não ser a oxigenação da água, que chegou a zero, e a turbidez, que estava quase 100 vezes o indicado pela legislação para água de rios e mananciais. O rio mais parecia um tijolo líquido", afirma Malu Ribeiro, especialista em Água da SOS Mata Atlântica.
Metais pesados
Já a Copasa ficou responsável pela identificação de metais nas águas. No sábado (26), foram encontrados níveis acima do permitido de níquel, chumbo, cádmio e zinco a 5 quilômetros do local do rompimento da barragem. Na estação de Brumadinho e no Fecho do Funil ainda foram encontrados chumbo e mercúrio na água.
Já os parâmetros para oxigênio dissolvido, pH in loco, arsênio total, cromo total, cobre dissolvido e selênio total não apresentaram resultados fora dos limites considerados ideais.
Com os resultados das análises, o Igam mantem a orientação da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) para que a população se mantenha a uma distância mínima de 100 metros das águas do rio e de não utilizar a água bruta do rio para qualquer finalidade. Segundo o instituto, as populações ribeirinhas e moradores da zona rural que realizam a captação desse corpo hídrico serão identificados e receberão água potável fornecida pela Vale, seguindo a determinação do Governo de Minas Gerais.
Apesar do estado crítico do rio, o Igam ressaltou que o abastecimento de água tratada em Brumadinho, Mario Campos, São Joaquim de Bicas, Igarapé, Betim, Juatuba, Florestal, Esmeraldas e Pará de Minas, que margeiam o Paraopeba, não ficou comprometido.