Apoiadores de Lula celebram na rua Sapucaí, no bairro Floresta, o resultado da eleição presidencial (Maurício Vieira / Hoje em Dia)
Nem a chuva fina atrapalhou a comemoração dos apoiadores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que se concentraram na noite deste domingo (30) na rua Sapucaí, região Leste de Belo Horizonte, para celebrar o resultado da eleição presidencial.
Entre eles estava o casal Felipe Araujo, profissional de almoxarifado, e Flávia Custódia, cabeleireira. Acompanhados de duas amigas, eles contam que sempre frequentaram a rua e a comemoração de hoje tem importante valor simbólico.
"Aqui tem todos os povos, uma diversidade grande. A expectativa agora é poder expressar o que se sente, e ser o que se é, sem homofobia e racismo", diz Flavia.
Felipe Araújo, Flávia Custódia e amigas (Maurício Vieira / Hoje em Dia)
Para o engenheiro de software, Daniel de Melo, que também costuma frequentar a Sapucaí, a sensação é de "ter esperança pela primeira vez em quatro anos".
"Vamos ter um presidente de verdade, que não vai falar barbaridades todos os dias na mídia ou na rede social. Nossa saúde mental agradece", diz.
Daniel de Melo celebra a vitória de Lula com amigos (Maurício Vieira / Hoje em Dia)
Segundo ele, havia certo nervosismo, mas sempre acreditou na vitória. "Estava confiante, as pesquisas mostravam que tínhamos chance e estávamos na frente. Eles é que estavam atrás e precisavam correr em busca de resultado".
Apesar da alegria, o engenheiro afirma que "sabe que o Brasil não vai se tornar um paraíso".
"Seremos críticos do governo Lula, como deve ser. Mas, por hoje, estou feliz e aliviado. É hora de comemorar", afirma.
Além de jovens e turmas de amigos, famílias acompanhadas de crianças também marcaram presença na tradicional rua do bairro Floresta.
Luiz Fernando, gestor público, levou esposa e dois filhos. Eles também estavam acompanhados de outras famílias.
Gestor público, Luiz Fernando levou a família para a rua Sapucaí para celebrar a vitória de Lula (Maurício Vieira / Hoje em Dia)
Segundo ele, "não há esperança de ser um governo tão próspero como os anteriores". "Mas é importantíssimo para a redução de danos e fortalecimento da democracia. Precisamos olhar para os mais pobres e garantir que vão conseguir votar nas próximas eleições. A situação que envolveu o transporte público hoje foi um absurdo", avalia.
Questionado se não teve medo de sair às ruas, por conta da polarização política, ele diz que "faz questão de usar blusa, bottom e adesivo no carro".
"A impressão que tínhamos é de que havia um risco grande de perder a eleição, por conta da votação expressiva de Bolsonaro no primeiro turno. Era o momento de colocar a cara na rua, apesar dos riscos, após ver casos de pessoas sendo agredidas e mortas", diz.
Com lágrimas nos olhos, ele se emociona aos falar dos pais e avós. "Nossas familias passaram pela ditadura militar e achei importante me manifestar. É uma obrigação moral e cívica", afirma Luiz Fernando.
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