(Ana Júlia Goulart)
Renegociação de empréstimo, novo repasse e transferência da administração do banco de leite. A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) anunciou algumas ações diante dos problemas financeiros enfrentados pelo Hospital Sofia Feldman, na região Norte. No entanto, o fim da crise enfrentada pela maior maternidade do país em número de partos está longe do fim.
O prefeito Alexandre Kalil esteve ontem na unidade de saúde e garantiu a transferência de R$ 1 milhão. O montante alivia as contas de outubro de forma parcial, já que o déficit mensal do hospital supera em R$ 400 mil o valor do repasse.
O Sofia Feldman corria o risco de fechar 40 leitos. A possibilidade, levantada por profissionais do hospital na semana passada durante um protesto, foi descartada, pelo menos temporariamente. “Por enquanto, esse risco passou, mas é uma questão do Sistema Único de Saúde (SUS). O gestor pleno é a prefeitura, mas a responsabilidade é de todos nós”, afirma o diretor técnico e administrativo Ivo Lopes.
Um empréstimo de R$ 5 milhões com a PBH foi renegociado. O restante que ainda faltava ser quitado foi novamente parcelado. De sete parcelas de R$ 500 mil para 14 de R$ 250 mil. “Como esse abatimento causa uma certa dificuldade para a sobrevivência do hospital, estamos alongando o prazo da dívida”, detalhou o secretário municipal de saúde Jackson Machado.
Transferência
Kalil também comunicou que a prefeitura passa a assumir o Banco de Leite do Sofia Feldman. Por mês, o custo operacional é de cerca de R$ 60 mil. O recurso passa a valer depois da assinatura de um Termo de Cooperação.
Cerca de 370 frascos de leite foram pasteurizados no local desde a abertura, em junho deste ano. São 112 litros repassados a recém-nascidos e mães que necessitam desse apoio. O banco conta, atualmente, com 90 doadoras ativas.
Agora, com a parceria, o leite será repassado também às unidades neonatais dos hospitais Odilon Behrens e Risoleta Neves. Com a ampliação, o banco necessitará de novas doadoras. “Se hoje a produção atende à comunidade do Sofia Feldman, existe pelo menos a necessidade de dobrar as doações para atender a outras crianças”, explica a coordenadora do banco de leite, Cíntia Ribeiro Santos.
Com a nova administração, a diretoria espera superar os desafios que dificultam o trabalho. “Há necessidade de um suporte de energia, para não perder o nosso banco quando houver cortes de luz. Precisamos de um veículo para fazer a coleta domiciliar e melhorar a divulgação para aumentar as doadoras”, afirma a coordenadora.
Cobrança
Kalil garantiu que vai se reunir com o governador Fernando Pimentel para tratar dos repasses à maternidade. “Vamos modernizar a gestão hospitalar e, enquanto isso, queremos cobrar também dos governos federal e estadual”, ressalta o prefeito.
Para ele, o formato de administração do local está incorreto. “O governo federal não arca com os 50% que deveria. O governo estadual não arca com os 25% que deveria e a prefeitura já está repassando mais do que os 25% que deveria”, diz.
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informou, em nota, que está em dia com os repasses financeiros para o Hospital Sofia Feldman. O Ministério da Saúde foi procurado, mas não respondeu até o fechamento desta edição.