Após mais de 11 horas, a defesa de Marcos Aparecido dos Santos, o "Bola", concluiu por volta de 16h30 o interrogatório ao delegado e vereador Edson Moreira. O depoimento da testemunha começou na tarde de quarta-feira (24) e foi retomado na manhã desta quinta-feira (25) no Fórum Doutor Pedro Aleixo em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).
A maior parte do interrogatório foi conduzido pelo advogado Ércio Quaresma. No entanto, na tarde desta quinta, a juíza Marixa Fabiane deferiu um pedido do promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro em que ele requereu que fosse vetada a palavra de Quaresma e a defesa fosse conduzida pelos demais advogados. Segundo o representante do Ministério Público de Estadual (MPE), o advogado estaria sendo desrespeitoso e "vingativo" durante seu interrogatório à testemunha. O ponto alto do depoimento foi quando o delegado afirmou categoricamente que Eliza Samudio não foi esquartejada na casa de Marcos Aparecido dos Santos, o "Bola", como relatou o então menor e primo do goleiro Bruno Fernandes, Jorge Luiz Rosa Lisboa. Segundo Moreira, nenhum vestígio de sangue ou qualquer material genético da ex-modelo foram encontrados no local do crime e, talvez, esta declaração beneficie a defesa do réu. Ainda conforme o delegado, o relato do adolescente que afirmou ter visto, junto com Luiz Henrique Ferreira Romão, o "Macarrão", uma mão de Eliza sendo atirada a cães teria sido uma "simulação". Moreira explicou que a dupla teria presenciado apenas a morte da ex-modelo por asfixia, mas não o esquartejamento, uma vez que "Bola" pediu que os dois deixassem o cômodo enquanto ele cortava o corpo dela. No entanto, o ex-policial não teria esquartejado a vítima, mas induziu Jorge e "Macarrão" a pensarem desta forma. De acordo com o delegado, o crime teria ocorrido "em um local macabro" e depois de supostamente esquartejar Eliza, "Bola" teria saído carregando um saco preto onde disse que estaria o corpo da ex-modelo e, simulando jogar uma das mãos dela a cães, disse: "Olha a mão dela aí". Moreira explicou que por ser um matador profissional, "Bola" não deixa rastros e não queria que ninguém soubesse o que foi feito do corpo de Eliza Samudio. "Estamos diante de um especialista na arte de matar", disse o delegado. E completou: "Ele não queria que os dois soubessem o destino do corpo". Troca de farpas Além da declaração de que Eliza Samudio não foi esquartejada na casa de "Bola", o depoimento do delegado Edson Moreira foi marcado por algumas acusações mútuas entre ele e o advogado Ércio Quaresma. Em vários momentos, Quaresma insinuou a chegou até mesmo a afirmar que o inquérito que resultou das investigações sobre o assassinato de Eliza Samudio foi mal-feito e contém várias falhas. Em resposta, o delegado afirmou que o advogado não só interferiu como tumultou as investigações sobre o crime. Conforme o delegado, Quaresma teria tentado omitir a passagem da ex-modelo por Minas Gerais e orientava que o goleiro Bruno Fernandes se recusasse a fazer o exame de DNA que comprovaria que Bruno Samudio era seu filho. No entanto, Moreira negou que tenha sido pressionado para retirar algum dos acusados do inquérito.