Após anos de perdas, Natal deste ano será gordo para comércio e indústria

Tatiana Moraes
tmoraes@hojeemdia.com.br
20/10/2017 às 20:27.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:19
 (Maurício Vieira)

(Maurício Vieira)

Depois de amargar três anos de queda nas encomendas e vendas do Natal, indústria e comércio tomam fôlego em 2017 e projetam aumento nos pedidos para a data mais comercial do ano. A estimativa é ancorada, entre outros, na produção industrial acumulada de janeiro a agosto, mês em que são iniciadas as encomendas para as festas de fim de ano.

Conforme o IBGE, houve elevação de 2% na produção nesse período em Minas, no confronto com igual intervalo anterior, e de 1,5% no Brasil, revertendo a queda verificada anteriormente.

Na avaliação do professor de Finanças do Ibmec, Eduardo Coutinho, os cortes consecutivos na taxa básica de juros, estabelecida em 8,25% ao ano na última reunião e estimada para cair mais 0,75% no próximo encontro do Copom, contribuem para a recuperação (mesmo que de maneira leve) do setor.

“O Natal será mais rentável do que no ano passado. Já percebemos aumento nos pedidos, motivado pela retomada da economia, pela queda dos juros e pela baixa inflação. A confiança do consumidor e do empresário também está melhorando”Lincoln GonçalvesFiemg

“Números mostram que a economia parou de piorar. Além disso, a taxa de juros dá mais fôlego ao crédito e a inflação baixa ajuda a manter o cenário mais promissor. O desemprego ainda é altíssimo, mas já dá sinal de que haverá melhora, aumentando a confiança do consumidor e a do empresário”, diz.

Ele ressalta, no entanto, que o cenário atravessado pelo Brasil nos últimos três anos foi nebuloso. “A base de comparação é muito fraca. Se este ano fosse pior, a situação enfrentada seria muito séria”, alerta.

Embora a Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) ainda não tenha divulgado pesquisa de expectativa, a economista da entidade Ana Paula Bastos comenta que o cenário é, finalmente, positivo. “Todas as datas este ano têm nos surpreendido positivamente e esperamos o mesmo para o Natal”, diz.

Na prática
A indústria de eletroele-trônicos, que acumulou perdas de 30% nos últimos quatro anos, é exemplo de setor que começa a ver uma luz no fim do túnel.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Eletroeletrônicos em Minas Gerais (Abinee-MG), Alexandre Freitas, a expectativa para 2017 é de alta de 2,5%. E as vendas de Natal têm grande impacto no resultado final.

Segundo o representante do setor, componentes eletrônicos são embarcados nos mais diversos produtos, de eletrodomésticos a brinquedos. E com aumento da venda desses itens, há reflexo direto nas encomendas de componentes elétricos.

“O setor começou a apresentar ligeira melhora. Crescimento de 2,5% diante de tudo o que vem acontecendo é um bom índice. Um segmento que estava em queda constante projetar elevação é uma coisa bem interessante”, afirma.

Brinquedos
A indústria de brinquedos, que tem lugar de destaque no Natal, também está otimista. A previsão da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq) é de alta de 10% nas vendas. Além da tradição de presentear as crianças com brinquedos no Natal, o setor conta com a baixa inflação, fator que contribui para o aumento do tíquete médio, segundo a associação.

No site www.vagastemporariasbh.com.br é possível encontrar oportunidades de trabalho. O site é uma iniciativa do Sindilojas-BH

Somente no Natal, 20% da produção anual é comercializada. A data só perde para o Dia das Crianças, quando são vendidos 36,6% dos itens.

Na fábrica de brinquedos Estrela, as encomendas para o Natal começam na última semana de outubro. O presidente da companhia, Carlos Tilkian, estima alta de, no mínimo, 5% nas vendas, quando comparadas com o Natal do ano passado. “Estamos fechando o Dia das Crianças ainda e a percepção inicial é a de que foi um período muito bom em vendas”, comemora.

Comércio de BH já registra aumento nas vendas de enfeites

As lojas de artigos específicos de Natal estão otimistas com as festas deste ano. Na Tempori, com duas unidades na região Centro-Sul de Belo Horizonte, por exemplo, as vendas já estão intensas, ao contrário do registrado nos últimos anos, em que a comercialização só engatava a partir de novembro. A previsão é de comercializar 20% a mais do que em 2016.

“Este ano os clientes chegaram com tudo em outubro. Estamos muito animados”, comemora a proprietária da marca, Patrícia Gosende. Na loja, é possível encontrar itens diversos, como árvores, enfeites e guirlandas.

3 milvagas de trabalho temporário serão abertas no comércio em Belo Horizonte, conforme estimativa do Sindilojas

Produtos de Natal também estão à disponíveis na Casa Futuro, com unidades no BH Shopping, Shopping Boulevar e em Lourdes. Conforme a supervisora da marca, Eliana Caldeira, o estoque foi ampliado em aproximadamente 10% para atender aos clientes.

As projeções são tão positivas que a Casa Futuro decidiu abrir uma unidade especializada em aluguel de itens decorativos. A loja será inaugurada em novembro, mas ainda não há local definido. Os produtos são destinados a condomínios, empresas, shoppings e até pessoas que não têm onde guardar os itens. Ou gostam de diversificar a decoração todos os anos.

Com o aumento das vendas, a geração de postos de trabalho vem a reboque. Para operar as três unidades que comercializam os produtos, foram contratadas 30 pessoas para os cargos de vendedores e motoristas.

Conforme estimativa do Sindicato dos Lojistas de Belo Horizonte (Sindilojas-BH), três mil vagas temporárias serão abertas no fim do ano no comércio. Uma das maiores dificuldades na contratação de pessoal, porém, é a baixa qualificação. Afinal, muitos são jovens, em busca do primeiro emprego e sem experiência. 

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