Após colher depoimentos, PF diz que excesso de água pode ter causado rompimento

José Vítor Camilo
07/02/2019 às 13:53.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:26
 (Presidência da República/Divulgação)

(Presidência da República/Divulgação)

O acúmulo de água e uma possível falha no sistema de drenagem foram apontados pela Polícia Federal (PF) como eventuais causas da saturação da barragem de Brumadinho, que se rompeu no último dia 25 de janeiro, deixando, até o momento, 150 pessoas mortas e 182 desaparecidas. A informação, obtida através dos depoimentos colhidos até então, foi divulgada pela corporação por meio de uma nota. 

"No âmbito das investigações sobre o rompimento da barragem B1 da mina do Córrego do Feijão, foram realizadas oitivas de investigados e perícias no local do incidente", diz o texto. Ainda de acordo com a PF, uma das linhas de apuração aponta para a possibilidade de um "acúmulo de água e saturação da barragem e para uma possível falha no sistema de drenagem". 

A nota informa ainda que, além dos crimes ambientais, também são investigados os crimes de falsidade ideológica, uso de documento falso e homicídio. 

Vale sabia do risco dois dias antes

Nessa quarta-feira (6), a TV Globo divulgou que a PF está analisando uma troca de e-mails entre profissionais da Vale e duas empresas ligadas à segurança da barragem. Os documentos indicariam que a mineradora já havia identificado, dois dias antes do rompimento, problemas em dados dos sensores que monitoravam a estrutura.

Estas informações fariam parte do depoimento prestado pelos engenheiros Makoto Namba e André Jum Yassuda, da Tüv Süd Brasil, empresa contratada pela Vale. Os dois funcionários, que foram presos na semana passada e estavam na penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, tiveram a liberdade determinada na terça-feira (5) pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

As mensagens, segundo a publicação, começaram a ser trocadas no dia 23 de janeiro, às 14h38, e se prolongaram até as 15h05 do dia seguinte, menos de 24h antes da tragédia. Segundo a matéria do site G1, o delegado Luiz Augusto Nogueira, que está à frente das investigações, informou que o assunto das mensagens "diz respeito a dados discrepantes obtidos através da leitura dos instrumentos automatizados (piezômetros) no dia 10/01/2019, instalados na barragem B1 do CCF, bem como acerca do não funcionamento de 5 (cinco) piezômetros automatizados".

No depoimento, Namba foi questionado sobre "qual seria sua providência caso seu filho estivesse trabalhando no local da barragem". E, segundo o relatório da PF, "após a confirmação das leituras, ligaria imediatamente para seu filho para que evacuasse do local bem como ligaria para o setor de emergência da Vale responsável pelo acionamento do Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração (PAEBM) para as providências cabíveis".

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