Após derrota, Kalil sela paz com a câmara para governar

05/01/2017 às 20:50.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:19

Seis dias após a posse, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS), pouco lembra aquele candidato voluntarioso, que, numa canetada, abriria a caixa preta das empresas de ônibus por meio de uma auditoria, que se indignava com o preço da tarifa de transporte (a anterior, de R$ 3,70) e se apresentava como antipolítico. É cedo para falar em marketing eleitoral, mas a caixa preta permanece blindada e foi, agora, reforçada com o reajuste de 9,4% (foi a R$ 4,05, desde o dia 3 último) e a relação com os políticos é de bandeira branca.

Na manhã de ontem, Kalil se reuniu com a nova Mesa Diretora da Câmara em um clima que, ao final, foi classificado de amistoso e de reaproximação. Não haverá guerra entre eles, e a direção do Legislativo, que derrotou Kalil em sua própria eleição, não lhe criará dificuldades. Ou seja, as eleições de prefeito e da nova mesa acabaram, convergindo para os interesses da cidade. Que assim seja, porque não custa acreditar.

Da parte dos vereadores, não houve pedidos não republicanos. O presidente reeleito do Legislativo, Henrique Braga (PSDB), reivindicou a reabertura do restaurante popular da casa, que havia sido fechado pelo ex-prefeito Marcio Lacerda (PSB), e foi atendido, selando o clima de camaradagem até onde for possível. Ao final do encontro, um vereador até comentou que, a partir daí, a base do prefeito será toda a Câmara, hoje, de 40 vereadores, já que Wellington Magalhães (PTN), ex-presidente, permanece afastado.

Ponto para o vice-prefeito e secretário de Governo, Paulo Lamac (Rede), que faz a articulação entre o Legislativo e o Executivo. Ainda assim, a população que votou, acreditando no milagre, quer saber o que impede o barateamento das passagens e de ter um serviço de melhor qualidade. O tempo é curto, mas, até o momento, mudaram, pra pior, só o valor das passagens e os cobradores, que passaram a cobrar do usuário a posse dos míseros cinco centavos para facilitar o troco. 

Litígio em Betim e Contagem
Quando for iniciada a cobrança do IPTU, deverá ser aberta uma guerra judicial em Betim e Contagem (Grande BH) contra a ilegalidade flagrante da nova tributação. Nada contra esse imposto tão necessário para reforçar o compromisso do cidadão na melhoria dos serviços públicos. Como já foi dito, o retorno da cobrança desse tributo, após duas ou três décadas de isenção, foi feito de forma inconstitucional.

A regra é clara: vereador não pode legislar sobre a matéria mesmo na omissão dos antigos e novos prefeitos, que não quiseram assumir o ônus e a paternidade do ‘filho feio’. Ao contrário do que justificou em nota, antes da posse, o novo prefeito de Contagem, Alex de Freitas, não há recomendação do Ministério Público do Tribunal de Contas em favor do que foi feito nem o município ficaria impedido, pelo governo federal, do acesso a linhas de crédito ou de fazer convênios.

Nada disso aconteceu nos últimos 30 anos na cidade. Se querem se adequar à legalidade e à transparência que os novos tempos reclamam e que os elegeram, os prefeitos de Betim e Contagem deveriam, por iniciativa própria, apresentar o projeto de cobrança com vigência para 2018. Isso é que é legal e transparente assim como a realidade segundo a qual o município não pode mais renunciar receita. 

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