(Carlos Roberto)
Os engarrafamentos olímpicos começaram na segunda-feira (1), mas tendem a diminuir, com os feriados desta quinta (4) e sexta-feira (5) e o início das férias escolares nos colégios que permaneciam abertos, avaliou o engenheiro de transportes Ronaldo Balassiano, da pós-graduação em engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O trânsito se deteriorou com a instituição das faixas olímpicas em vias cruciais da cidade, em especial a Linha Amarela, que liga a Ilha do Governador, na zona norte, onde fica o aeroporto internacional do Galeão, e a Barra da Tijuca, onde fica a Vila dos Atletas, o Parque Olímpico e outras instalações dos jogos. O pico de congestionamento foi de 20 quilômetros na última terça.
Sinalizadas por cores no asfalto, elas se dividem em dedicadas, exclusivas para os veículos autorizados (delegações, árbitros, atletas, dirigentes); prioritárias, nas quais estes compartilham o tráfego com ônibus e táxis; e compartilhadas (sem restrições). A multa para quem usar a faixa dedicada irregularmente é de R$ 85, e mais de 2.400 motoristas já foram penalizados.
O pior impacto foi na segunda-feira, quando a multa começou a vigorar; o panorama melhorou nesta quarta. O cenário deve mudar na sexta, por causa do fechamento de ruas do centro e da zona norte em decorrência da cerimônia de abertura da Olimpíada, no Maracanã, e do deslocamento de chefes de Estado, atletas, dirigentes e pessoas que vão trabalhar na festa.
"O principal problema para o trânsito foi a demora nas férias escolares. Com a diminuição do número de carros nas ruas, isso tende a melhorar. A UFRJ, por exemplo (na Ilha do Governador), vai entrar em recesso na segunda-feira, o que alivia a Linha Amarela e a Linha Vermelha (que leva à Baixada Fluminense e serve ao aeroporto)", acredita Balassiano.
O especialista considera que os cariocas vão se habituar às rotas alternativas nos próximos dias - por exemplo, a Autoestrada Grajaú-Jacarepaguá e o Alto da Boa Vista, que ligam bairros da zona norte à Barra da Tijuca, uma alternativa à Avenida das Américas e à Avenida Niemeyer, ambas comprometidas com o tráfego dos transportes da "família olímpica".
Ao falar à GloboNews sobre os engarrafamentos, na terça-feira, o prefeito Eduardo Paes (PMDB) minimizou os incômodos da população. "Engarrafamento vai ter. Não estamos vivendo tempos normais. Em Londres, onde a estrutura é muito melhor do que a do Rio, também teve, tanto que uma vez eu larguei o carro no meio da rua e segui de metrô", argumentou, referindo-se aos Jogos de 2012 na capital da Inglaterra.
Seguindo na comparação Rio/Londres, o professor de engenharia de transporte da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Alexandre Rojas lembra que, para além da questão infraestrutural, o comportamento de cariocas e londrinos também difere: lá, os moradores saíram da cidade; os cariocas, pelo menos até o momento, optaram por ficar.
"O Rio está com seu trânsito do dia a dia e com menos faixas. Não tem solução, e tende a piorar, a menos que as pessoas que ainda estão em dúvida sobre deixar ou não da cidade saiam", analisou.
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