(Fabio Pozzebom/Agência Brasil)
Após reunião com o presidente Michel Temer no Palácio do Planalto, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, reconheceu nesta quarta-feira, 8, que alguns líderes consideram difícil a votação do texto atual da Reforma da Previdência, mas reafirmou que o governo continua empenhado na aprovação da reforma ainda este ano. E, questionado pela imprensa, ele não descartou categoricamente mudanças que poderiam deixar o texto mais enxuto.
"O governo continua empenhado na aprovação da Reforma da Previdência conforme já dissemos ontem. O que nós fizemos hoje foi uma avaliação das reuniões com os líderes da Câmara dos Deputados e com os líderes do Senado, na terça, visando avaliar exatamente a situação no Congresso e discutir estratégias para conduzir a votação", disse Meirelles, ao retornar ao ministério.
Ao ser perguntado sobre alterações no texto para deixá-lo mais enxuto e mais palatável para a votação em um ambiente já contaminado pelas discussões eleitorais de 2018, Meirelles disse que o governo no momento discute a viabilidade do texto atual e a posição das diversas bancadas, para mapear exatamente quais são os itens com maior resistência.
"Estamos exatamente no meio do processo legislativo. No momento em que se chegar a uma conclusão (sobre mudanças na proposta), vamos anunciar. Agora, dentro da minha visão, a conclusão vai se chegar de fato quando votar", respondeu. Perguntado se o governo abandonaria a atual proposta ele respondeu que "no momento, não". "Estamos fazendo trabalho de avaliação. Como eu disse, decisão é com a votação", completou.
O ministro voltou a dizer que o parlamento é soberano para decidir sobre a reforma e frisou que o governo mantém a proposta "como está". "Evidentemente, em qualquer processo legislativo, a palavra final é do Congresso, e não do Executivo", completou.
Meirelles disse achar que a proposta aprovada na comissão mista tem chance de ser aprovada, mas admitiu que alguns líderes da base acham difícil a votação do texto na formatação atual. "Só vamos saber (se há chance de aprovação) de fato durante o processo de votação. Existem diferenças de posição: na reunião com os líderes da Câmara, alguns acharam difícil, outros acharam que é possível e que tem que tocar em frente. Os senadores têm uma visão de viabilidade maior", relatou.
O ministro repetiu que o governo está em uma fase de discussões e conversas que ele considerou estar evoluindo conforme o esperado. "O importante é estarmos discutindo agora a reforma para tentar ser votado ainda este ano, que é uma coisa que muitos tinham dado como perdido. Não, nós estamos aí com uma proposta de reforma firme", acrescentou, lembrando que ainda participará de novas reuniões com líderes. "É um trabalho contínuo, intenso e constante", alegou.
Sobre a reação do mercado na terça às declarações de Temer que, pela primeira vez, admitiu a possibilidade de uma derrota do governo ao tentar aprovar a reforma da Previdência, o ministro considerou equivocada a percepção de que "o governo teria jogado a toalha".
"Foi um equívoco achar isso. Por outro, acho que foi didático, no sentido em que foi uma demonstração clara de que a reforma é importante para a economia. Foi uma mensagem clara. Eu disse aos líderes que temos que encarar a realidade política e a econômica, e trabalhar com os pés no chão", respondeu Meirelles.
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