(Flávio Tavares/19-02-2017)
O Carnaval nem começou e já gera polêmica em Belo Horizonte. Um grupo de moradores do Gutierrez, zona Oeste da capital, tenta barrar a folia por lá neste ano. Eles alegam que o bairro não comporta a multidão prevista para curtir a festa. Um abaixo-assinado pede a proibição de ensaios e desfiles no local. O documento será encaminhado ao Ministério Público (MP) e à Belotur até a próxima segunda-feira.
O estopim para a insatisfação de parte da população foi o tumulto ocorrido na Praça Leonardo Gutierrez, na noite de sexta-feira. O barulho causado por uma concentração organizada pelas redes sociais incomodou alguns moradores. A Polícia Militar (PM) foi acionada e houve explosões de bombas de gás lacrimogêneo e confusão.
“A música estava bem alta, havia adolescentes bebendo e até sexo na rua. Criamos uma comissão e estamos colhendo assinaturas para acabar com esse tipo de festa”, contou o morador Wellington Luiz Medeiros.
Procurado, o MP disse que só comentará o assunto após ser notificado. A PM não se manifestou sobre o caso.
Já a Belotur informou que irá analisar o pedido após o receber o documento. Porém, ponderou que a festa ocorrida na sexta-feira não estava diretamente ligada ao Carnaval, pois não se tratava de ensaio de blocos. Assim, não é responsabilidade do órgão atuar diretamente para impedir esses encontros.
Recorrente
Essa não foi a primeira vez que a PM foi acionada no Gutierrez para acabar com barulho na região. Em 2017, uma confusão após o ensaio do bloco “Me beija que sou pagodeiro” assustou os moradores.
Organizador do grupo, Matheus Brant diz faltar tolerância por parte de uma pequena parcela de quem vive por lá. “O abaixo-assinado é inconstitucional, radical e intolerante. É um direito a manifestação cultural em locais públicos”.
Por conta do número de foliões esperado, o bloco não agendou ensaios neste ano no bairro. O desfile, porém, continua no Gutierrez, mas terá o percurso alterado. “Não é possível separar a história do bloco e o bairro. Existe uma ligação afetiva entre eles”, afirma Matheus.