O prefeito Marcio Lacerda precisa dar mais atenção ao que se passa na área da saúde, em Belo Horizonte. A dengue é tão somente um aspecto do problema. Essa doença merece atenção das autoridades, mas a situação é mais séria e não tem como causa o mosquito Aedes aegypti.
Este jornal revela na edição desta segunda-feira (1º) que a população que necessita do atendimento público municipal da saúde está insatisfeita – e com razão. Falta médico, falta equipamento, tanto nas Unidades de Pronto Atendimento como no Hospital Odilon Behrens. São longas as filas e demorada a espera por socorro. E quando finalmente o paciente é atendido por um médico, este se revela apressado em se ver livre do doente o mais rápido possível, sem um diagnóstico seguro ou uma receita de remédio que possa levar à cura.
O que pode fazer o médico, se tudo indica a necessidade urgente de uma internação, mas não há leitos? O que para a família desesperada parece indiferença diante do sofrimento alheio, pode ser autodefesa de um profissional que, mesmo sensível e consciente de seu dever, não tem como resolver o problema.
Há excesso de demanda e escassez de recursos, num sistema de saúde à beira do colapso. O jornal encontrou pacientes amontoados num quarto da UPA do Bairro Primeiro de Maio, à espera de um leito ou de um diagnóstico, dificultado porque o aparelho de Raio-X estava quebrado. Na UPA de Venda Nova, uma centena de pacientes aguardavam há horas, sentados ou em pé, o atendimento por um médico. Entre eles, uma menina de 3 anos, que na véspera já ficara inutilmente até 22h, sem conseguir uma consulta, e que vomitara a noite toda. Ao lado, um homem de 51 anos, que dois dias antes fora diagnostica como sofrendo de virose e que deveria esperar em casa que a natureza resolvesse seu problema.
A presidente do Sindicato dos Servidores Públicos de Belo Horizonte (Sindibel), Célia de Lélis, afirma que na atenção básica à saúde há carência de profissionais e que as unidades de atendimento não suportam a demanda. O que mais revoltou um doente com fortes dores no corpo foi esperar por seis horas para ser atendido por um médico no Hospital Odilon Bherens, médico que o despachou após menos de 15 minutos de exame superficial, com a recomendação de tomar um analgésico e procurar um Posto de Saúde para fazer uma ressonância magnética. Algo que o hospital não tinha a oferecer.
Talvez o prefeito, que não é médico, possa tratar da doença da saúde.