Argentina pagará a fundos "abutre" o mesmo que a outros credores

AFP
01/03/2013 às 19:51.
Atualizado em 21/11/2021 às 01:29

BUENOS AIRES - A presidente Cristina Kirchner afirmou nesta sexta-feira (1º) que a Argentina aceita pagar a dívida pendente aos "fundos abutre", mas com o mesmo perdão e prazos" que os 93% dos credores que aderiram à reestruturação (swap) entre 2005 e 2010.

"Oferecemos a esses 'fundos abutre' que recebam (o dinheiro) da mesma maneira que os que hoje estão cobrando, com o mesmo perdão e os mesmos prazos", disse na Assembleia Legislativa sobre a controvérsia judicial em Nova York com fundos ultra-especulativos que cobram em dinheiro o total de uma dívida de 1,33 bilhão de dólares.

No final de 2012, o magistrado Thomas Griesa decidiu que a Argentina pagasse 100% do que os fundos de risco NML e Aurelius buscavam, pelos títulos devidos.

A Argentina apelou desta decisão em uma corte de apelações, cujas audiências começaram esta semana.

A esse respeito, a justiça federal norte-americana pediu nesta sexta-feira que a Argentina esclareça sua oferta de pagamento aos fundos "abutres", que correspondem a 7% dos detentores de títulos, que rejeitaram a troca da dívida em 'default', declarada em 2001, de 100 bilhões de dólares.

A decisão dá um prazo a Argentina até 29 de março para que "submeta por escrito ao tribunal os termos precisos de uma fórmula alternativa de pagamento e um calendário aos quais está preparada para se comprometer", destaca o texto.

Kirchner disse, diante de legisladores e em cadeia nacional de rádio e TV, que "se é justiça um país escolher prejudicar 93% de detentores de títulos para favorecer 7%, eu começaria a duvidar do que pode ser chamado de justiça".

"Estamos dispostos a pagar a esses 'fundos abutre', mas não em melhores condições, porque estaríamos cometendo um delito, enganando e decepcionando 93% de credores de diferentes países que entraram" na troca, disse a Presidente.

A presidente disse que pagar da forma que a Argentina propõe "é equidade e é justiça".

Contudo, depois denunciou, sem citar nomes, que "o que querem, na verdade, é que continuemos nos endividando, e o que não perdoam na Argentina é que tivemos êxito sem seguir suas políticas".

Kirchner afirmou que "a situação da Argentina será um 'leading case' político se for permitido que um punhado (de fundos) arruine todo mundo".

Os governos de Cristina Kirchner e de seu falecido marido, Néstor Kirchner (2003-2007) reestruturaram a dívida da moratória declarada pelo efêmero governo de Adolfo Rodríguez Saá.

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