Argentina tentará pagar 100% da dívida em Buenos Aires

Estadão Conteúdo
21/08/2014 às 10:12.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:52

O governo argentino está decidido a pagar 100% de sua dívida com seus credores em Buenos Aires, incluindo os fundos especulativos que estão em uma disputa com a Argentina na justiça dos Estados Unidos, anunciou o ministro da Economia, Axel Kicillof.

A iniciativa foi enviada ao Congresso, onde o governo conta com a maioria, em uma iniciativa destinada a demonstrar a vontade de quitar a dívida e evitar uma moratória diante da impossibilidade de fazer o pagamento na janela contratada nos acordos acordos de troca com os credores.

"A mudança de sede de pagamento é para que a Argentina possa continuar pagando e os proprietários dos bônus, cobrando", afirmou Kicillof à imprensa, ao explicar por que se pede o aval do parlamento para tirar o poder de agente de pagamento do BoNY e substituí-lo por uma conta de um banco estatal em Buenos Aires.

O governo precisa da aprovação da lei até 30 de setembro, data de vencimento de outra parcela da dívida de 200 milhões de dólares. A iniciativa apresentada ao parlamento no "Projeto de Lei de Pagamento Soberano Local da Dívida Externa" contempla o depósito para 93% dos proprietários de bônus que aderiram às operações de troca em 2005 e 2010, e inclusive para os 7% que não aceitaram.

Em discurso, a presidente Cristina Kirchner afirmou que "não nos restou outro caminho" do que oferecer esta saída. "Esta não é uma atitude de capricho ou patrioteira", destacou a presidente em um discurso pronunciado por ocasião do 160º aniversário da Bolsa de Comércio de Buenos Aires.

Entre os donos de títulos que não aceitaram as operações de troca estão os fundos conhecidos como "abutres", que compraram os bônus em 'default' e conseguiram nos tribunais uma sentença favorável para receber 100% da dívida em dinheiro.

A Argentina não cumpriu a decisão e, em represália, a justiça americana bloqueou um pagamento de 539 milhões de dólares de bônus reestruturados.
Como os credores não puderam cobrar seu pagamento em 30 de julho ao Bank of New York (BoNY), duas agências classificadoras de risco colocaram o país na categoria de "default seletivo".

"Os 7% podem vir e trocar os bônus. Se o fizerem vão obter 300% de lucro. É pouco para o senhor (presidente do fundo litigante NML, Paul) Singer? Sim, porque é abutre, mas vamos pagar", disse Kicillof.

O ministro da Economia indicou que os pagamentos serão feitos sob as mesmas condições das trocas anteriores, com o desconto das reestruturações que variou entre 45% e 75%. "Esta decisão provavelmente é a mais correta. Pode ser a solução", comentou à rádio Vorterix Tulio Zembo, representante dos bonistas italianos.

Em meio a uma profunda crise econômica e institucional, a Argentina declarou em 2001 a maior moratória contemporânea de quase 100 bilhões de dólares, com juros incluídos.
 

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