Dados preliminares da Justiça eleitoral da Argentina divulgados na madrugada desta segunda-feira (26) apontam segundo turno entre o governista Daniel Scioli e o candidato opositor Mauricio Macri (Mudemos).
Os números, parciais e correspondendo a 96,76% das seções eleitorais, indicavam Scioli à frente, com 36,83%, ante 34,35% de Macri.
De qualquer forma, o resultado se mostrava surpreendente pelo desempenho de Macri, que mantinha uma desvantagem de quase dez pontos percentuais para Scioli nas pesquisas.
Os discursos de ambos neste domingo (25) já indicavam um segundo turno. A coalizão governista Frente para a Vitória insistia na versão de que ganhara "com ampla maioria" até as 23h de Brasília, quando o próprio Scioli subiu ao palco do Luna Park para "convocar a todos a nos acompanhar até o fim". Citou os "indecisos e independentes", sugerindo que o pleito não estava decidido.
Em sua fala, lembrou o que considera avanços do kirchnerismo, a política de direitos humanos, a estatização da YPF e da Aerolíneas Argentinas e a priorização dos interesses dos trabalhadores.
No "bunker" do Mudemos, Macri fez um longo discurso de agradecimento e pediu o voto dos que preferiram seus rivais, "inclusive os que votaram em Scioli, pois espero que se convençam de que nossa proposta é a melhor".
Também falou Sergio Massa (UNA), terceiro na disputa, que admitiu ter ficado de fora e pediu que os argentinos ponham um fim "na política de governar distribuindo planos sociais", numa crítica clara ao kirchnerismo.
Confirmando-se o segundo turno, os mais de 5 milhões de votos de Massa que teria recebido serão disputados entre Scioli e Macri.
No Luna Park, a militância de Scioli começou a ocupar a casa de espetáculos logo após o encerramento das urnas. Não havia sinais de presença do La Cámpora, principal grupo de apoio do kirchnerismo. Destacaram-se as "la ñatas", espécie de "cheer leaders" da campanha. "Viemos de La Plata, queremos que continuem os planos sociais.
Se a oposição ganha, com a crise mundial que está aí, vai tirar isso da gente", disse o estudante Sergio Muñoz, 29.
Em seu discurso, Scioli voltou a assegurar que os benefícios sociais continuarão e que não haverá ajuste "prejudicial aos trabalhadores".
"Meu compromisso é ser um presidente que represente a todos e não só a uns poucos", disse. A seu lado, estava o candidato a vice, Carlos Zannini, homem-forte do kirchnerismo apontado por Cristina para acompanhar Scioli na chapa.
A presidente votou em Río Gallegos e retornou a Buenos Aires, mas não foi ao ato.
O segundo turno será inédito na história recente da Argentina. Em 2003, Néstor Kirchner e Carlos Menem chegaram à reta final, mas Menem desistiu, e Kirchner se tornou presidente com apenas 22% dos votos.