Associação Brasileira de Supermercados recomenda aos consumidores que não façam estoques em casa (Maurício Vieira / Hoje em Dia)
Maurício Vieira
Levantamento mostrou alta de preços de até 28% no quilo do arroz entre abril e o começo deste mês
Safra recorde no Estado; redução geral na média dos preços dos alimentos in natura em Belo Horizonte, mas aumentos nas gôndolas dos supermercados. Pesquisa do site Mercado Mineiro e do aplicativo comOferta mostrou que, na contramão da tendência do mercado, três itens fundamentais na mesa do consumidor tiveram alta expressiva nos últimos quatro meses: arroz, óleo de soja e leite. Nos três casos, principalmente por fatores ligados à produção e ao cenário econômico.
Com o arroz, a comparação dos preços médios entre abril e o começo de agosto revelou elevação de até 28%. O que se explica por uma situação similar à da carne: a maior procura externa diminuiu a oferta doméstica do produto. Além disso, os preços da saca de 50kg estão bastante acima do valor de referência determinado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A demanda internacional também ajuda a justificar o aumento médio de 14% no óleo de soja (900ml). O grão foi um dos destaques das exportações mineiras (e brasileiras) no primeiro semestre, impulsionado pela alta do dólar.
No caso do leite há uma combinação de fatores para explicar o aumento médio. Os efeitos da seca no Sul do país reduziram a oferta do produto - o período atual é de entressafra. E a elevação cambial inibiu a importação que, embora pequena (em média de 4% do volume total), poderia aumentar a quantidade disponível. Some-se a isso um efeito direto da pandemia. "A procura tem sido maior do que a oferta impulsionada pelo auxílio emergencial, que reduz a pobreza extrema e leva as pessoas a procurar o leite, que é alimento de primeira necessidade", explica Celso Costa, diretor do Sindicato da Indústria de Laticínios do Estado de Minas Gerais (Silemg).
Quedas
A pesquisa também registrou reduções significativas. O quilo do Feijão Carioca chegou a registrar redução de 27%. Percentual que, no caso do café, chegou a 10% conforme a marca. De acordo com o levantamento da Fundação Ipead/UFMG para a primeira quadrissemana de agosto, o item alimentação na residência apresentou alta de 1,37%. Puxado, no entanto, pelos produtos industralizados (+ 1,96%) e de elaboração primária (+ 2,32%). No caso dos alimentos in natura, houve queda de 2,96%. Com destaque para a batata inglesa, que foi, entre todos os itens que integram a cesta que é base da pesquisa, o que apresentou o maior percentual de baixa (23,63%).