Arte bem alinhavada: string art transforma matéria-prima simples em peças encantadoras

Patrícia Santos Dumont
pdumont@hojeemdia.com.br
08/09/2018 às 13:04.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:21
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

De longe, são belas misturas de cores trabalhadas em perfeita harmonia. De perto, a percepção dos elementos que compõem a trama – prego e linhas – aguça a curiosidade sobre a técnica utilizada e impressiona ainda mais o olhar.

Essas duas principais matérias-primas dão vida à string art do artista belo-horizontino André Santiago. Autor de uma das peças de maior sucesso na mostra Morar Mais Por Menos (em cartaz na capital até o próximo dia 23), ele combina criatividade e talento para criar quadros e trabalhos feitos em paredes. 

Mais popular na Europa, a arte em corda (na tradução para o português) é feita com linha – geralmente de crochê – e encanta pela delicadeza do traçado de um prego a outro. Adepto do artesanato há cerca de 2 anos e meio, quando começou a construir mandalas com finalidade terapêutica, André diz que o processo construtivo envolve concentração, criatividade, mas também senso estético. 

“É uma montagem, diferentemente de uma pintura, por exemplo. Muitas vezes, preciso voltar, passar outra linha, mudar a cor, colocar mais prego. É um processo realmente intuitivo e que só termina quando acaba”, brinca. Flávio Tavares

CONCEPÇÃO - Processo criativo leva em conta estilo do cliente e local onde a obra ficará exposta; escolha do traçado e das cores usadas em cada desenho acontece de maneira espontânea

Para se ter uma ideia da complexidade da string art, um dos trabalhos feitos pelo artista levou 560 horas divididas em sete dias para ser concluído. Em outro, foram usados nada menos que 1.300 pregos.

R$ 500 é o preço mínimo das obras do artista de BH; orçamento varia conforme o tempo gasto na execução de cada trabalho

Passo a passo

O ponto de partida de uma arte em corda é o desenho. Riscado a lápis em papel kraft, ele é aplicado sobre a chapa de MDF (os trabalhos são feitos, geralmente, desta forma, mas há casos de string art feita na parede). Em seguida, são fixados os pregos, um a um, em torno de toda a estampa. Quanto mais próximos uns dos outros, maior a riqueza de detalhes da arte final, explica André. 

Concluída a etapa de “impressão” do desenho sobre a “tela”, é hora de remover o papel e partir para a parte mais delicada e trabalhosa da peça –fase que torna cada trabalho único: passar as linhas. “O fio deve estar sempre muito esticado, mas a direção com que será passado, a quantidade de vezes que irá de um ponto a outro e a cor usada variam muito”, diz André Santiago. 

Individualmente

Segundo o artista, cada trabalho é feito de maneira exclusiva, tanto do ponto de vista da concepção da arte quanto da execução, ou seja, nenhum outro é feito simultaneamente. O tempo de realização varia de acordo com a complexidade da figura escolhida pelo cliente – mandalas têm sido as mais pedidas, segundo ele. 

A dica para quem quiser por em prática a onda Do It Yourself e construir uma string art em casa é escolher os materiais certos. André Santiago utiliza chapas de MDF de 60x68cm, pregos sem cabeça de 10x10cm e linha de crochê –alguns detalhes podem demandar linha de nylon, mais fininha e, portanto, delicada. 

Cuidado também com a profundidade do prego afixado na madeira, que deve aceitar quantas passadas de linha forem necessárias. 

As cores mais usuais nos trabalhos do artista são tons de água, amarelo e laranja; vermelho e preto são usados de forma pontual

Flávio Tavares

MORAR MAIS POR MENOS 
Silhuetas em degradê estão na mostra de decoração – aberta em BH até 23 de setembro. Trabalho de André Santiago foi feito diretamente sobre uma parede. Arte confirma a versatilidade da string art, que pode ser elaborada com várias cores e traçados ou em um só tom de linha, nesse caso o preto. Obra faz parte do ambiente da arquiteta Renata Campos (Espaço Conceito Boutique Férra/Quarto do Casal)

Como tudo acontece...Flávio Tavares

PASSO 1 Antes de iniciar o trabalho, o artista desenha, a mão livre ou reproduzindo um desenho já pronto, em um papel kraft fixado sobre a madeira. O traço deve ser preciso para que o resultado do trabalho fique perfeitoFlávio Tavares

PASSO 2 – A segunda etapa do processo consiste em contornar todo o traço feito a lápis com pregos. A distância entre um e outro vai depender da riqueza de detalhes que André deseja dar àquela arte - quanto mais pregos, mais rico. Depois de todo o contorno feito, o papel é removido da chapa de madeiraFlávio Tavares

PASSO 3 – A última etapa consiste em “bordar” o desenho com o tipo de linha, cor e traçado ideais. André explica que tudo é feito de forma muito intuitiva e que não há um plano anterior à prática. No final, podem ser necessárias intervenções como a colocação de mais pregos

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