Artista chileno vivia no Brasil desde a década de 1990

Heloisa Aruth Sturm
10/01/2013 às 23:48.
Atualizado em 21/11/2021 às 20:31

O artista plástico chileno Jorge Selarón, de 65 anos, encontrado morto na manhã desta quinta-feira (10) sobre os degraus de sua mais famosa obra, a escadaria do Convento de Santa Teresa, no centro do Rio, chegou à capital fluminense na década de 1990, após morar alguns meses em Salvador e ter percorrido diversos países.

O mosaico de cerâmica na escadaria que liga a Lapa a Santa Teresa teve início em 1994, por ocasião da Copa do Mundo. Com 215 degraus e mais de 125 metros, a escadaria é decorada com azulejos e cerâmicas de 148 países do mundo, enviados pelos turistas. Entre os azulejos, há homenagem a amigos, réplicas de quadros, poemas, pinturas do artista e uma grande bandeira do Brasil.

Por transformar um espaço antes marginalizado em um dos principais pontos turísticos da cidade, Selarón recebeu o título de Cidadão Honorário do Rio, em 2005, e teve sua obra tombada pela prefeitura. Os azulejos eram trocados frequentemente, pois o artista entendia que aquela era uma "obra de arte viva", como descrevia em um painel na entrada da escadaria. Na placa, Selarón dedicava a obra aos brasileiros. Ele tinha planos para construir um pórtico no alto da escadaria, em Santa Teresa, e de revitalizar o acesso pela Lapa.

Além das técnicas de cerâmica e azulejaria, o artista plástico também pintava diversos quadros em seu ateliê, no mesmo endereço onde morava. Uma figura recorrente em seus quadros, a imagem de uma mulher negra, grávida e com seios expostos, está presente na maioria das pinturas e também na escadaria. A origem da imagem, entretanto, nunca foi revelada. Selarón dizia apenas tratar-se de um problema pessoal.

"Com sua morte, a história por trás dessa imagem vira uma lenda. Há muitas versões, mas ele raramente falava sobre o assunto mesmo entre seus amigos. Há quem diga que era um grande amor, outros dizem que ele nunca conversou com a moça, apenas a olhou e sentiu uma grande admiração", afirmou o amigo e vizinho, Dhel Aquino.
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