Quando Van Gogh chega a Paris e conhece a paleta de cores dos pintores da capital francesa, produz quadros como “A Italiana”. O vestido repleto de cores é o novo olhar do artista para a própria arte. Ele percebe que pode lançar mão do amarelo, do vermelho, do laranja, do verde e do azul de forma intensa e ilimitada. Vê o amor nas cortes e nelas reconhece a si mesmo. Não sei se as obras-primas da mostra “O Triunfo da Cor, o Pós-impressionismo”, no CCBB de São Paulo, chegarão a Belo Horizonte, mas espero que sim. Além de Van Gogh, estão outros pintores famosos e merecedores da fama, cujas obras pertencem a dois museus franceses, o d’Orsay e de l’Orangerie.
Paul Gauguin e Émile Bernard, com o forte contorno das silhuetas e cores simbólicas, assim como Paul Cézanne estão entre os pós-impressionistas. Monet é impressionista, mas está ali também, em sua última fase. “Ninguém passa incólume a esses mestres da pintura”, diz a curadora Roberta Saraiva.
Para quem não acompanha as artes plásticas, nada sabe de história da arte, não identifica as características desses pintores, estar diante dessas obras pode ser uma aventura mais instigante ainda. E são as cores a diferença desse recorte da pintura. Mas se não podemos exercer (ainda?) esse prazer, olhar, cheirar e sentir as vibrações daquilo que saiu das mãos de Van Gogh, Monet, Gauguin, Bernard e Cézanne, basta que pratiquemos um pouco mais esse sentido. Hoje a arte não se limita a espaço e tempo. Está nas obras modernas, no artesanato, nos quadros pintados na rua, no trabalho dos grafiteiros, nas artes digitais.
São os moradores e visitantes de São Paulo, hoje, felizardos pela mostra gratuita no CCBB. Mas distantes, podemos transformar a apreciação num sonho também colorido, enquanto aguardamos a chegada das obras a Belo Horizonte. Importante é parar e olhar, olhar e enxergar, enxergar e usar isso para alguma transformação.