(SANDRO PEREIRA/ELEVEN/ESTADÃO CONTEÚDO)
O rosto de Gabriel Jesus está em todos os lugares. Até mesmo pintado em um painel que une muros de diferentes casas do Jardim Peri, bairro onde nasceu na zona norte de São Paulo. O grafite de 34 metros não está lá à toa. Trata-se de ação da patrocinadora de material esportivo do atacante do Manchester City e da seleção brasileira. Às vésperas da Copa do Mundo, ele é uma das principais apostas do mercado publicitário.
"Acho que é natural. Você tem três escolhas óbvias nessa seleção: Neymar, Tite e ele. São os mais carismáticos, os três protagonistas. Desde o Ronaldo, a gente não tem um camisa 9 protagonista na seleção. E o Gabriel Jesus tem esse potencial. Acaba sendo o cara a quem o mercado olha com carinho", explicou Erich Beting, consultor de marketing esportivo.
O especialista cita a parceria que o artilheiro firmou com a Octagon Brasil em junho do ano passado. A agência cuida da gestão de imagem e mídias sociais do jogador, além da captação e negociação de patrocínios e prospecção de novas oportunidades comerciais.
Desde que assinou contrato, ele virou garoto-propaganda de uma marca de refrigerantes, outra de bebidas isotônicas e de uma empresa de telefonia celular – que aproveitou o gesto tradicional do "alô, mãe!" de Jesus na celebração dos gols para atrelá-lo à marca.
"Ele possui vários atributos: não se envolve em polêmica, tem performance, está em um time badalado. É uma escolha boa e, muito provavelmente, mais barata que o Neymar. E dá um retorno legal. O Neymar está tão superexposto que é difícil conseguir retorno com ele", disse Erich Beting, referindo-se aos mais de 15 patrocinadores do principal atleta do futebol brasileiro.
Aos olhos do mercado, não significa que um seja melhor do que o outro. Porém, quanto mais marcas o atleta representa, mais isso o distancia do público-alvo de cada empresa. Claro que há outras variáveis envolvidas, conforme explicou Mauro Corrêa, sócio-diretor da Csm Golden Goal, empresa especializada em gestão esportiva.
"Observa-se o que o jogador fala, pensa, como se relaciona, o que come, o que já expressou. Às vezes, é o lado irreverente que conta. Na última Copa, o David Luiz era um excelente ativo. Ele tinha engajamento com os jovens, pelo jeito engraçado de se vestir, de se expressar. Já o Neymar comunica a alta performance, a excelência. Depende do que a marca pretende", comentou Mauro Corrêa.
EXCLUSIVIDADE - Para se ter uma ideia da moral de Gabriel Jesus, ele será o único dos sete atletas da seleção que vestem Adidas - os outros 16 convocados por Tite na última segunda-feira usam Nike - a contar com ação personalizada de grafitagem como a realizada no Jardim Peri, segundo informou ao Estado a empresa alemã. Além disso, durante o Mundial, o camisa 9 do Brasil estará estampado nas propagandas da nova chuteira da empresa, a X18, pelas lojas ao redor do planeta.
"É a história de sair das ruas em 2014 e chegar ao estrelato em 2018. Em 2014, tem a foto emblemática dele pintando as ruas e, agora, são as ruas que pintam ele", falou o gerente de relações públicas da companhia, Bruno Almeida, referindo-se à imagem clássica que registra o atacante descalço colorindo as ruas do Jardim Peri. À época, com 17 anos, ele ainda era uma promessa do Palmeiras.
Ao todo, mais de 20 pessoas, incluindo moradores do bairro, ajudaram a ilustrar os muros das casas localizadas ao lado de uma quadra de futebol society. A obra já está em processo de finalização.
"O maior problema é o difícil acesso às paredes, por se tratarem de fundos de casa, alguns terrenos que ainda não foram construídos", explica o artista Snek, membro do Graffiti Art Box, um grupo independente de grafiteiros que colaborou com os trabalhos.
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