Aspronorte quer falar e ser ouvida: união de produtores mantém 20% de área ambiental em suas propriedade, de acordo com a lei

Jornal O Norte
10/08/2006 às 10:27.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:41

Valéria Esteves


Repórter


valeria@onorte.net

Muita euforia e a certeza da união fortalecem a Aspronorte - Associação dos sindicatos dos produtores rurais do Norte de Minas.  Nem mesmo começaram os trabalhos e a Aspronorte já tem foco certo: defender seus interesses e não deixar que os sem terra invadam suas propriedades. Durante reunião em que foi aprovado o estatuto que legaliza a entidade, o presidente do Sindicato rural de Pirapora, Eustáquio de Queiroz Filho, anunciou que na manhã de segunda-feira última, sem terras teriam entrado em uma fazenda nas proximidades daquele município e teriam roubado maquinário entre outras coisas.

No momento do anúncio, seus colegas de classe estavam resolvendo em que lugar se realizará a segunda reunião, quando optaram para que ela acontecesse onde houvesse demanda, ou, em outras palavras, onde o circo tiver pegando fogo. Todos os ruralistas dizem querer a união para que tenham força política e que seus gritos sejam ouvidos quando sem terras ameaçarem invadir suas propriedades

MUNICÍPIOS

Os municípios sócios da Aspronorte são: Bocaiúva, Brasília de Minas, Januária, São João da Ponte, Monte Azul, Jaíba, Mato Verde, Jequitaí, Pirapora, Janaúba, Ubaí, Francisco Sá, Salinas, São Francisco, Grão Mogol, Coração de Jesus, Montes Claros, Urucuia, Várzea da Palma, Espinosa e Manga.

O presidente da nova entidade é o atual presidente do Sindicato rural de Montes Claros, Júlio Pereira, que diz acreditar na força da união da classe.

- Temos que ter voz política para que nossos ideais de defesa por nosso patrimônio se façam valer.

A primeira vitória da classe aconteceu no último ano, quando conseguiram que a deliberação normativa do Instituto estadual de florestas, baixada pelo Copam - Conselho de política ambiental do estado de Minas Gerais que propunha aumentar a área de reserva ambiental na propriedade.

Em setembro do ano passado, mais de 1,5 mil produtores rurais do Norte de Minas protestaram em Montes Claros contra deliberação normativa do Copam, que aumenta o percentual das áreas de preservação ambiental em todas as propriedades rurais, envolvendo o bioma da mata seca.

REAÇÃO

Na ocasião da realização do encontro de produtores rurais Norte de Minas urgente, organizado pela Sociedade rural de Montes Claros, juntamente com mais 13 entidades ligadas ao setor rural de Minas Gerais, além de todos os sindicatos rurais do Norte de Minas, o presidente da Faemg -Federação da Agricultura do estado de Minas Gerais, Gilman Viana Rodrigues comentava que os agricultores precisavam se mobilizar para reverter situação imposta pelo governo do estado, uma vez que se tratava de uma decisão inconstitucional, visto que a lei determina que as reservas florestais devem ocupar apenas 20% das propriedades.

Disse ainda que o Norte de Minas não aceita ser mendigo da sociedade, hora em que salientou que os 92 prefeitos da região devem se aliar aos produtores rurais para reverter a decisão dos órgãos ambientais do governo.

- A medida trará reflexos negativos para a economia regional, além de causar o aumento do desemprego no campo o que, conseqüentemente, refletirá no aumento das demandas da sociedade junto às prefeituras.

IMPEDIMENTO

Até hoje, alguns produtores reclamam que grandes empresas têm comprado terras na região, mas que não podem desmatar face a essa determinação do IEF. As informações passadas pelos mesmos atestam que um produtor empreendedor comprou terras no Projeto Jaíba, mais de 40 hectares, mas não pode realizar seus plantios devido à deliberação normativa.

Os produtores acreditam que a região tem perdido com isso, porque quem quer investir, vindo de longe, Rio Grande do Sul, São Paulo, entre outros estados, estão desfazendo negócios e voltando para suas terras.

Mas os entendidos da área ambiental alertam que se a região dispuser de um intenso desmatamento em pouco tempo, os solos se degradarão. Sem contar que isso desencadeará um processo de degradação de todo ecossistema.

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