Assad promete limpar Síria de "terroristas" em meio a bombardeios em Aleppo

AFP
07/08/2012 às 19:06.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:16
 (STR/AFP)

(STR/AFP)

DAMASCO - O presidente sírio, Bashar al-Assad, que enfrenta há 16 meses uma revolta militarizada e violentamente reprimida, recebeu nesta terça-feira (7) o seu aliado iraniano que afirmou sua determinação em "purgar" o país de "terroristas".

Por ocasião deste encontro, a televisão pública exibiu imagens do presidente Assad, que não aparece em público desde 22 de julho, junto a  Said Jalili, emissário do Guia Supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei.

Jalili afirmou que "o Irã jamais permitirá que se quebre o eixo da resistência da qual a Síria é um pilar fundamental", considerando que "a situação na Síria não é uma crise interna, mas sim um conflito que opõe o eixo da resistência nesta região" aos Estados Unidos e Israel.

"O povo sírio e seu governo estão decididos a purgar o país de terroristas e combatê-los sem descanso", respondeu Assad.

No dia seguinte à morte de 265 pessoas em todo o país, segundo uma ONG síria,  um dos dias mais violentos desde o início da contestação, o Exército continuou a bombardear intensamente Aleppo (norte), segunda maior cidade do país e região crucial para a definição da guerra no país.

Washington procura um meio de acabar com os combates e iniciar o processo de transição política na Síria, declarou em Pretoria a secretária de Estado americano, Hillary Clinton, um dia depois da deserção do primeiro-ministro sírio Riad Hijab, que se junto à oposição.

O Irã acusa os Estados Unidos, a Arábia Saudita, o Qatar e a Turquia de ajudarem os rebeldes a derrubar o regime. Já os insurgentes e os Estados Unidos acusam o Irã de apoiar militarmente Damasco.


O destino dos reféns iranianos

Referindo-se aos 48 iranianos sequestrados sábado (4) na província de Damasco, Jalili, que chegou ontem de manhã de Beirute, afirmou que "o Irã está usando de todos os meios para garantir a libertação imediata dos peregrinos inocente sequestrados".

Teerã garante que os prisioneiros são peregrinos, enquanto que "Brigada Al-Bara", que reivindicou a captura, garante que eles pertencem à Guarda Revolucionária, um Exército de elite do regime islâmico. De acordo com a brigada rebelde, três iranianos foram mortos durante um bombardeio das forças do regime.

O ministro iraniano das Relações Exteriores, Ali Akbar Salehi, deve visitar a Turquia no final da tarde para discutir o destino dos reféns.
                 
"Na medida em que o Exército Sírio Livre (ESL, rebeldes), que afirma ter sequestrado os peregrinos, é apoiado pela Turquia, a visita do ministro serve para lembrar a responsabilidade do governo turco neste caso", disse Salehi.

O Irã afirmou que Washington também é responsável pela vida dos reféns, por causa do "apoio descarado dos Estados Unidos aos terroristas".

Já os Estados Unidos responderam, afirmando não ter nenhuma informação sobre a identidade e destino destes iranianos.

No terreno, a violência deixou mais 122 mortos, entre eles 59 civis, 32 soldados e 31 rebeldes, de acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), que obtém seus registros de uma rede de ativistas e testemunhas na Síria.    O centro de Aleppo foi palco de intensos combates entre rebeldes e o Exército, que bombardeia a cidade.

O ESL atacou um edifício, onde estavam de 300 a 400 membros do Exército regular, das forças da segurança e de milícias pró-regime, mas teve que se retirar devido à intervenção de helicópteros, informou o OSDH.

De acordo com o seu líder, Rami Abdel Rahman, helicópteros e artilharia bombardearam violentamente os bairros rebeldes de Salaheddine e Soukkari (oeste e sudoeste), assim como Chaar e Sakhour (leste), o que "parece uma preparação para uma ofensiva terrestre" .
    
Cristãos e alauítas mortos

O Exército iniciou no domingo o envio de reforços para Aleppo, cenário de intensos confrontos desde 20 de julho, e agora está pronto para a batalha "decisiva", disse uma fonte da segurança.

 


Imagens divulgadas na Internet mostram destruição em Aleppo, cenário de confrontos desde 20 de julho (AFP/YouTube/Reprodução)

 

De acordo com um oficial de segurança, pelo menos 20.000 soldados estão nesta região e os rebeldes, por sua vez, contam com entre 6.000 e 8.000 homens, segundo o jornal al-Watan, próximo ao governo.

No restante do país, as forças rebeldes perderam quatro combatentes e mataram seis soldados durante um ataque ao campo de petróleo da província oriental de Deir Ezzor, indicou o OSDH.

Perto de Homs, ativistas armados mataram 16 pessoas, a maioria alauítas e cristãos, que estavam em um condomínio para famílias de funcionários de uma companhia de eletricidade, informou o OSDH.

"Funcionários sírios, iranianos, japoneses e de outras nacionalidades vivem neste local, mas as vítimas eram todas sírias", entre elas o diretor da companhia, segundo a ONG.

Em Damasco, um cineasta alauíta, Bassam Mohieddine, foi morto nas proximidades de sua casa, anunciou nesta terça-feira o Instituto Nacional de Cinema, que acusou "mãos traiçoeiras", sem fornecer maiores detalhes.

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