Ataque mais violento a ônibus apavora motoristas

Bruno Inácio
binacio@hojeemdia.com.br
23/07/2018 às 20:43.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:33
 (Leonardo Alvarenga/Divulgação)

(Leonardo Alvarenga/Divulgação)

Cada vez mais violentos, os ataques a ônibus da Grande BH têm deixado motoristas e cobradores apreensivos. Na noite de domingo, o condutor de um coletivo da linha 7150 (Novo Riacho-Belo Horizonte), de 61 anos, teve 36% do corpo queimado em um incêndio provocado por bandidos. Homens armados não deixaram a vítima sair enquanto ateavam fogo no veículo.

Horas depois do crime, o clima era de tensão nas garagens do sistema de transporte. Colegas da vítima passaram a adotar estratégias para facilitar a fuga, no caso de novas ocorrências. Dentre as medidas está carregar apenas objetos pessoais ou até mesmo deixá-los nas empresas.

“Infelizmente, a gente precisa do emprego. O medo é que também sejamos alvo. Até então, eles (os criminosos) pediam para o motorista descer, mas queimar o trabalhador assim, sem motivo, nunca vi. Vou deixar a mochila em casa e trabalhar de pochete, porque fica mais fácil correr”, afirmou o motorista Jésus Mota, de 59 anos, que trabalha na linha 7950, que atende ao mesmo bairro.

“Antes, a gente tinha mais medo dos assaltos. Mas, esses ataques tiram a confiança de ir trabalhar”, acrescenta José Matozinho Ramos, de 59 anos, que deixou a linha 310 (Estação Diamante/3ª e 4ª seções) após o ônibus que ele conduzia ser incendiado, em 7 de junho.

grande bh estão afastados por problemas de saúde, principalmente emocionais

Afastamento

Pelo menos 5 mil trabalhadores do transporte coletivo estão de licença por questões de saúde, conforme o Sindicato dos Rodoviários de BH e Região (STTR-BH). “Ataques assim só pioram a condição mental deles, que já sofrem com problemas do trânsito, violência e em lidar com diferentes públicos”, observou Luciano Gonçalves, assessor da entidade.

Ao menos 36 veículos foram queimados de janeiro a julho deste ano só na Grande BH, segundo representantes das empresas de ônibus. “As forças de segurança pública do Estado precisam tomar providências urgentes para frear os ataques”, afirmou, em nota, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros Metropolitano (Sintram).

Por meio da Secretaria de Segurança Pública (Sesp), as polícias Civil e Militar informaram que, em junho e julho, 129 pessoas foram presas em flagrante ou em virtude de mandado de prisão por queima de veículos. “(As investigações) têm sido realizadas com prioridade. Mandantes identificados já foram retirados de circulação nas últimas semanas”, diz nota enviada pela pasta. Ontem, foi informado que a Polícia Federal também acompanha os casos. 

Internado

O motorista da linha 7150 permanece internado no Hospital de Pronto-Socorro (HPS) João XXIII, na capital. A vítima tem o quadro de saúde estável. Nenhum dos cinco suspeitos do crime tinha sido preso até o fechamento desta edição. Segundo a PM, a motivação do delito é desconhecida.

  

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