Ataques e contra-ataque

Hoje em Dia
31/12/2013 às 07:25.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:04

Em três anos de governo, a presidente Dilma Rousseff fez 17 pronunciamentos em rede nacional de rádio e televisão. Em dois mandatos de Lula, foram 21. É uma forma de responder às críticas transmitidas, diariamente, pelos mesmos veículos de comunicação de massa, aos quais se somam os grandes jornais. A eficácia dessa estratégia dos que estão a disputar o poder será conhecida em outubro, nas urnas eleitorais.    O último pronunciamento seria uma resposta ao editorial do maior jornal do país em circulação, não fosse o fato de a fala de Dilma ter sido gravada anteriormente à publicação, no último domingo, do editorial – que sustenta: o governo, pressionado pelos próprios fracassos e pelo descrédito internacional, rendeu-se às críticas de que sua política econômica conduziria o país a uma crise grave.    No pronunciamento, Dilma diz que o governo teve uma ação firme: atuou nos gastos para garantir o equilíbrio fiscal, na redução de impostos e na diminuição da conta de luz. “Nesses últimos casos, enfrentando duras críticas daqueles que não se preocupam com o bolso da população brasileira”, criticou a presidente.   Ela reconheceu que sempre haverá algo por corrigir na economia para conciliar o justo interesse da população e das classes trabalhadoras e os interesses dos setores produtivos, mas “nada nos fará sair desse rumo, como também nada fará mudar nosso rumo na luta em favor de mais distribuição de renda, diminuição da desigualdade pelo fim da miséria e em defesa das minorias”. Segundo Dilma, é muito ruim instilar a desconfiança injustificada. “A guerra psicológica pode inibir investimentos e retardar iniciativas”, advertiu.    O ex-ministro da Fazenda Bresser-Pereira, que escreve no Hoje em Dia, comentou ontem, na internet, o editorial e o pronunciamento. Voltou a defender a política macroeconômica do governo Dilma e sua política industrial. Mas admitiu que a redução da taxa de juros e a depreciação do real não resultaram em aumento dos investimentos e em crescimento da economia. Na sua avaliação, a desvalorização cambial, em 20%, não foi o bastante para tornar a indústria brasileira competitiva.    Faltou coragem ao governo para pagar o custo de curto prazo da desvalorização, até o ponto de equilíbrio, que seria de R$ 3,00 por dólar. Na opinião de Bresser-Pereira, a sociedade brasileira precisa compreender que taxa de câmbio equilibrada é condição para que as empresas invistam e o país cresça com força.    E os que acreditam que o governo foi vencido na batalha do câmbio apreciado e dos juros altos podem estar cantando uma vitória de Pirro, porque abre o caminho para a crise do balanço de pagamentos. “Não acredito que a presidente Dilma Rousseff se dê por vencida. Teremos novos rounds pela frente”, conclui o ex-ministro.   É esperar para ver.

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