Entre os fatores que têm pressionado o preço estão os custos do aluguel e do etanol
Quem abastece veículo em Belo Horizonte já deve ter reclamado do preço do combustível. Dados divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que a capital mineira lidera aumento da inflação da gasolina no Brasil - pode ser encontrada até por R$ 6,59 o litro - em postos da região Centro-Sul.
"Entre os fatores que têm pressionado o preço da gasolina em Belo Horizonte estão o custo dos aluguéis e, principalmente, do etanol, que compõe no mínimo 27% da gasolina. Na capital mineira, o etanol teve alta de, 25,2% nos últimos 12 meses, bem superior à média nacional (10,8%)", detalha Heliezer Jacob, economista do C6 Bank.
Em 12 meses, o IPCA-15 da gasolina subiu 16,3% na capital, praticamente o dobro da média nacional.
“No cenário anual, no entanto, a realidade é outra. Enquanto o IPCA-15 acumulado em 12 meses na capital mineira sobe 6%, no país o indicador está em 4,5%”, complementa Jacob.
A explicação para a diferença entre os dados da capital mineira e os da média nacional está, basicamente, nos gastos com alimentação no domicílio, habitação e transportes. O preço dos alimentos que os belo-horizontinos consomem em casa saltou 6,4%, mais que os 5,4% da média nacional, considerando o IPCA-15 de 12 meses.
A energia elétrica residencial, item pertencente ao grupo habitação, subiu 12,9% em BH, patamar bem acima da média do país (7,4%). O aluguel residencial, também pertencente ao grupo habitação, cresceu 5,3% na capital mineira, contra alta de 2,7% no Brasil.
O IPCA-15, prévia da inflação oficial, subiu 0,54% em BH em outubro, elevação igual à registrada no país.
Segundo a equipe econômica do C6 Bank, quando observado a inflação do país como um todo, um destaque importante é a piora da inflação de serviços subjacentes, que exclui os itens voláteis. Esse indicador subiu 0,59%, voltando a acelerar depois de um setembro mais brando.
Os especialistas do banco acreditam que a inflação de serviços deve continuar pressionada pelo mercado de trabalho aquecido e por ganhos salariais acima da produtividade. Fatores climáticos como a seca também devem continuar pressionando alguns itens, como a conta de luz e o preço das carnes nos próximos meses.
Em 12 meses, o IPCA-15 acumula uma alta de 4,47% no país. A projeção da equipe econômica do C6 Bank é de que o IPCA feche o ano em 4,7%, acima do teto da meta. Para 2025, a expectativa é de que a inflação brasileira fique em 4,8%.
Os dados do IPCA-15 divulgados nesta quinta, segundo os economistas do C6 Bank, reforçam a visão de que o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) precisará seguir com o ciclo de alta da Selic nas próximas decisões, com ajustes de 0,5 ponto percentual nas reuniões de novembro e dezembro. Projetamos Selic em 11,75% ao final de 2024 e de 10% ao final de 2025.
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