Atentado com carro-bomba contra a polícia deixa 14 mortos no Egito

Haitham El-Tabei/AFP
24/12/2013 às 09:04.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:59

AL-MANSURAH - Um atentado com carro-bomba contra um edifício da polícia matou 14 pessoas nesta terça-feira (24) no Egito, em uma tentativa, segundo as autoridades, de dificultar a transição do país em direção à democracia.

Pouco depois do atentado, cometido no norte do país, um assessor do primeiro-ministro Hazem Beblawi afirmou à agência oficial Mena que o chefe do governo havia classificado a Irmandade Muçulmana de "organização terrorista".

A Irmandade Muçulmana é o grupo do qual o presidente islamita Mohamed Mursi, deposto pelo exército em julho, é proveniente.

Esta declaração tem, sobretudo, um alcance político, diante da proximidade do referendo constitucional de janeiro, primeiro passo para celebrar eleições legislativas e presidenciais ao longo de 2014 e boicotado pela Irmandade Muçulmana.

Não parece uma mudança que gerará consequências imediatas para o grupo, já proibido em virtude de uma sentença judicial que foi alvo de recurso.

A Mena publicou pouco depois declarações do próprio primeiro-ministro nas quais ele não acusa diretamente a Irmandade. Afirma que "o terrorismo não conseguirá dificultar" a transição e que "os assassinos serão perseguidos de acordo com o que estipula a lei".

As novas autoridades dirigidas de fato pelos militares costumam acusar a confraria de ajudar e financiar os autores de ataques cometidos contra as forças de segurança desde a deposição de Mursi, primeiro presidente eleito democraticamente no país.

"Não é nada surpreendente que Beblawi, o primeiro-ministro fantoche da junta militar, decida se aproveitar do sangue dos egípcios inocentes com declarações incendiárias destinadas a criar mais violência, caos e instabilidade", responderam em um comunicado os membros da Irmandade Muçulmana, que condenam duramente o atentado.

Assim como Mursi, quase toda a liderança da confraria está atrás das grades e é alvo de investigações judiciais. Foram detidos durante a implacável repressão do governo, dirigido de fato pelo exército, contra os manifestantes partidários de Mursi. Esta campanha terminou com mais de mil mortos e milhares de detidos.

Atentado em Mansura

Durante a noite, um carro carregado, segundo os serviços de segurança, com dezenas de quilos de explosivos explodiu em frente a um edifício da polícia em Mansura, capital provincial de Daqaleya.

Segundo fontes médicas locais, o atentado matou 14 pessoas e feriu outras cem.

O general Sami el-Mihi ficou ferido e dois de seus colaboradores estão entre os mortos, afirmam fontes de segurança. A explosão foi sentida em um raio de 20 km do local do incidente, acrescentaram.

A maioria das vítimas são policiais, declarou Omar al-Shauatfy, governador desta província situada uma centena de quilômetros ao norte do Cairo, no delta do Nilo.

Um jornalista da AFP viu fachadas destruídas e um blindado da polícia destroçado pela explosão, que também danificou uma dezena de carros e provocou o desabamento de um edifício próximo.

Revolta contra a Irmandade Muçulmana

Muitos moradores estavam furiosos com o ocorrido e demonstravam sua ira contra a Irmandade Muçulmana. "É uma organização terrorista internacional, são responsáveis pelo que ocorreu", declarou Hamada Arafat à AFP, acusando o grupo "de adotar as táticas da Al-Qaeda".

Grupos jihadistas, alguns vinculados à Al-Qaeda, reivindicam permanentemente ataques contra as forças de segurança, sejam do exército ou da polícia.

Os ataques, que mataram mais de uma centena de soldados e policiais desde julho, se multiplicaram desde que Mursi foi deposto pelo exército depois que milhões de manifestantes pediram sua renúncia por sua gestão e por ter, segundo eles, beneficiado a Irmandade.

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