Atingindo R$ 4,24 e fechando em R$ 3,99, dólar apresenta volatilidade extrema

Raul Mariano - Hoje em Dia
25/09/2015 às 07:22.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:51
 (Arte)

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A influência do cenário político na crise econômica teve mais um sinal evidente na manhã de ontem, quando o dólar atingiu R$ 4,24. A explosão da cotação da moeda americana, que, só em setembro, já subiu R$ 0,60, reflete a demora na aprovação do ajuste fiscal pelo Congresso e a consequente deterioração das expectativas do mercado em relação à retomada da economia brasileira, de acordo com especialistas.

Com a alta do dólar, produtos que demandam insumos importados (alimentos, eletrônicos, etc) também sobem, pressionando a inflação. Juros e inflação em alta com Produto Interno Bruto (PIB) em queda formam o cenário que os economistas chamam de estagflação (baixo crescimento com alta inflação).

“Com um quadro de incertezas, o mercado passa a acreditar que o futuro será pior do que o presente. Na tentativa de se proteger, quem deve em dólar (importadores e investidores) compra a moeda antecipadamente e isso provoca a elevação de preço”, explica o vice-presidente do Conselho Regional de Economia de Minas Gerais (Corecon-MG), Pedro Paulo Pettersen.

Alternativas

Mais tarde, a moeda reagiu positivamente à fala do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, de que a autoridade monetária possui diversos instrumentos para conter a volatilidade dos mercados e que não pretende elevar a taxa de juros (Selic) neste momento. Assim, o dólar comercial recuou 3,69%, para R$ 3,99. No entanto, o recuo não sinaliza alento para os próximos dias, dada a situação econômica de completa incerteza.

“O governo precisa acenar para o mercado com a redução dos gastos públicos, indicando que irá estancar a dívida. O problema é que ele não encontra saídas a não ser pelo aumento da receita. Isso, infelizmente, é feito por meio do aumento de impostos. Daí a retomada da CPMF, da Cide e outros tributos”, explica o economista da Fundação Getúlio Vargas Raul Duarte Neto.

TJLP

O governo decidiu elevar ontem taxa de juros que serve de referência para os empréstimos do BNDES. O Conselho Monetário Nacional aprovou o quarto aumento seguido da TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), que passa de 6,5% para 7% ao ano. Esse é o maior nível desde setembro de 2006.

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