Áudio pode comprovar acusação contra médica, diz Adepol

Julio Cesar Lima
26/02/2013 às 21:03.
Atualizado em 21/11/2021 às 01:23

A suspeita contra a médica Virgínia Soares de Souza, presa no último dia 19 sob a acusação de homicídio qualificado quando atuava na UTI do Hospital Evangélico, em Curitiba, foi reforçada nesta terça-feira (26). O presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Paraná (Adepol), Kiyoshi Hattanda, afirmou, durante encontro com jornalistas na sede da entidade, que o teor das gravações aos quais teve acesso e que constam no inquérito são "estarrecedoras". "Essa é uma das, lamentavelmente, situações de distinção de pessoas que estavam em determinados leitos", afirmou.

Entre as acusações, Virgínia é suspeita de acelerar a morte de pacientes que estariam utilizando os leitos do Serviço Único de Saúde (SUS) na unidade. Hattanda reforçou a tese da delegada do Núcleo de Repressão de Crimes Contra a Saúde (Nucrisa), Paula Brisola, responsável pelas investigações há um ano, que a divulgação de detalhes do processo pode provocar pânico. "Se forem divulgados todos os detalhes haverá uma comoção social muito maior do que já está acontecendo", disse.

No encontro, convocado pelo Sindicato dos Delegados de Polícia (Sidepol), o presidente Jairo Estorilho disse que a entidade apoia a delegada Paula, cujo afastamento foi pedido na segunda-feira (25) pela diretoria do hospital. "Ela está agindo dentro de toda legalidade, usando padrões internacionais para as investigações e cumprindo todas as ordens judiciais", afirmou.

Sobre a capacitação dos profissionais que investigaram o cotidiano da UTI, a polícia disse que o Nucrisa mantém convênios com o Instituto Médico Legal (IML) e o Conselho Regional de Medicina (CRM), o que possibilitou a interpretação de laudos e também de prontuários médicos.

Mesmo com a quebra de sigilo do processo por parte da polícia, não estão satisfeitos os advogados de defesa de duas das cinco pessoas presas desde a semana passada. Elias Mattar Assad, advogado de Virgínia, pede o acesso a todos prontuários, áudios, filmes e documentos do processo.

No final da tarde, o Ministério Público do Paraná emitiu uma nota em que corrobora com o sigilo feito em torno das investigações. "Os elementos probatórios que constam até o momento no inquérito são considerados fortes, razão pela qual o MP-PR manifestou-se favoravelmente em relação aos pedidos de prisão e de busca e apreensão apresentados pela autoridade policial e deferidos pelo Poder Judiciário", diz a nota. No final das investigações, o MP-PR terá o prazo de cinco dias para o oferecimento da denúncia.
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