Seja em locais fechados ou mesmo em ambientes abertos, moradores de BH têm retomado uso das máscaras (Lucas Prates e Valéria Marques)
O aumento dos novos casos da Covid-19 nas últimas semanas já leva parte da população de Belo Horizonte a retomar o uso das máscaras. Muita gente voltou a utilizar o equipamento de proteção até mesmo em ambientes abertos. Médicos defendem a medida principalmente nos locais fechados.
No domingo (13), a Secretaria de Vigilância do Ministério da Saúde voltar a recomendar a utilização diante da alta nas notificações da doença no país. Conforme a pasta, a média móvel cresceu 120% entre 6 a 11 de novembro, quando foram confirmados 8.448 testes positivos por dia. Na semana anterior, foram 3.834. Nos últimos sete dias, 57.825 casos foram diagnosticados, além de 314 mortes.
A secretaria apontou ainda que a média móvel de óbitos cresceu 28%. De 36 mortes há 15 dias para 46 nesta semana. A recomendação do retorno das máscara acontece principalmente para pessoas com fatores de risco para complicações da Covid-19, em especial imunossuprimidos, idosos, gestantes e pessoas com múltiplas comorbidades.
Em Belo Horizonte, a Secretaria Municipal de Saúde detectou aumento no número de testes positivos, que passaram de 3% para 6% em um intervalo de duas semanas - considerando apenas os exames na rede pública.
"Este aumento, no entanto, não acarretou em elevação na demanda por internações hospitalares, leitos de UTI e no coeficiente de mortalidade por Covid-19 e, até o momento, a incidência de casos acumulados nos últimos 14 dias, continua abaixo de 20 por 100 mil habitantes", explicou o Executivo municipal.
Infectologista defende obrigatoriedade
Para o infectologista e ex-integrante do Comitê de Enfrentamento á Covid em BH, Carlos Starling, o aumento de casos está relacionado à nova sub variante da Ômicron, a BQ.1, em circulação no país. O médico defende o retorno da obrigatoriedade do uso da proteção.
"Belo Horizonte deve voltar a exigir o uso de máscaras, principalmente em ambientes fechados, como escolas, cinemas e teatros. Não parar com essas atividades, em hipótese alguma, mas adotar medidas que já sabemos que funcionam para segurar a pandemia e a pressão no sistema de saúde", avalia.
Estudos apontam que a nova cepa contém mutações genéticas que dificultam o reconhecimento e a neutralização do vírus pelo sistema imunológico. Na prática, a variação faz com que o vírus escape com mais facilidade da cobertura imunológica adquirida através da vacinação. Diante disso, o infectologista reforça a necessidade de ampliação da vacinação.
"A vacinação é a forma mais eficaz de prevenir a Covid-19. Para as pessoas imunossuprimidas, a quinta dose. Quem não tomou a quarta dose deve tomar, e essa vacinação deve ser estendida, e uma terceira dose para crianças que já tomaram há mais de seis meses", ressalta.
O médico também aponta para a necessidade de o Governo Federal adquirir novas vacinas, já adaptadas às variantes da ômicron. "O ideal seria que já tivéssemos vacinas adaptadas, que já estão sendo usadas nos EUA e na Europa. Além de medicamentos com eficácia já comprovada e aprovados pela Anvisa desde março, e que não estão disponíveis para a população", critica.
'Importante' se prevenir
Parte da população de BH tenta se adaptar. Caso de Zeli de Jesus Ribeiro Cardoso, de 73 anos, que avalia o uso da máscara como uma forma de se prevenir da doença que já matou 688.738 pessoas desde o início da pandemia.
"Tive Covid em 2020 e fiquei muito mal. Com a flexibilização, parei de usar, mas, com essa alta de casos no Brasil, achei mais seguro usar a proteção, pois é importante se precaver", pontua.
Opinião semelhante tem o porteiro Ademar da Silva Bento, de 56, que avalia como essencial o uso de máscaras. "Em ambiente fechado, com maior movimento, é importante usarmos. Com esse novo aumento de casos no país, só reforça que ainda não é o momento de tirarmos a proteção", disse.
Já o professor e escritor Lindomar da Silva, de 53, foi mais radical e não deixou de usar o item desde o início da pandemia. Para ele, a máscara já se tornou rotina. "Não parei de usar. Eu incluí o uso na minha rotina. Ainda mais com essa nova onda. É uma questão de saúde, de prevenção, de segurança", afirma.
Análise do Estado
Por nota, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) informou que os dados atuais não apontam para o "aumento significativo" dos casos confirmados nem de internações. A pasta disse que mantém o monitoramento constante da pandemia.
Conforme a SES, o uso de máscaras é facultativo "e segue indicado para pessoas que apresentem sintomas gripais e os grupos mais vulneráveis, como idosos e portadores de comorbidades, especialmente em locais de aglomeração".
A secretaria reforça que a principal estratégia de prevenção é a imunização. O órgão pede à população que ainda não compareceu aos postos que coloque o esquema vacinal em dia.
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