(Infraero/Divulgação)
Mais uma tragédia foi registrada nas proximidades do Aeroporto Carlos Prates, na região Noroeste de Belo Horizonte. A morte de uma pessoa após a queda de um avião, no último sábado (11), aumenta a pressão pela desativação do aeródromo.
Moradores da região clamam por socorro. Segundo eles, além dos riscos de mais acidentes, o local atrapalha a vida das pessoas, que são obrigadas a conviver com barulho.
No domingo, em Brasília, a deputada federal Duda Salabert (PDT) cobrou maior rapidez no processo de fechamento do aeroporto. Pelas redes sociais, a parlamentar disse que o ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, informou que o debate sobre o tema está "avançando"
A data, no entanto, já é a quarta firmada para a execução da portaria. O debate sobre desapropriação ganhou força em 2019, após um acidente aéreo deixar quatro pessoas mortas nos arredores do aeródromo. À época, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) chegou a determinar o fim das atividades para o final de 2021 por meio de uma portaria, mas essa determinação foi adiada sucessivas vezes.
A nova data, agora, está marcada para 1º de abril. Líder do 'Coletivo Atingidos pelo Prates', a aposentada Luzia Barcelos, de 58 anos, moradora do bairro há 18 anos, lamenta que o debate volte a ganhar força após mais uma tragédia.
"A gente não gostaria jamais que precisasse acontecer mais um acidente para que a desocupação andasse. Ouvimos as escolas de aviação e o aeroclube, todos eles já foram chamados para audiências públicas. Os nossos representantes já deveriam ter resolvido essa situação e nos poupado vidas e o pânico que instala em nosso bairro", reclama.
Prefeito de BH
Na manhã desta segunda-feira (13), o prefeito de BH, Fuad Noman (PSD), e o presidente da Câmara Municipal, vereador Gabriel (sem partido), aproveitaram a visita do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), para cobrar maior agilidade no processo de fechamento do aeroporto.
O prefeito solicitou a Alckmin que o Carlos Prates passe a ser gerido pela PBH. "Pedi para resolver o problema. Mudar (a gestão) para Belo Horizonte, para a gente construir casas populares lá e acabar com o risco dos acidentes que estão acontencendo", explicou.
A demanda foi recebida pelo vice-presidente que prometeu se "dedicar" à causa. “É com satisfação que vou me dedicar ao aeroporto do Carlos Prates, com projeto de moradia e parques para a cidade”, garantiu.
Parque
Ainda segundo a representante do coletivo, Luzia Barcelos, muitos moradores sonham com a construção de um parque no local após a desativação do aeroporto. No entanto, ela pede que um novo debate seja aberto após o fechamento para que seja discutido um destino que supra o anseio de todos os belo-horizontinos.
"Esse desejo de parque vem desde 1982, porém agora esperamos que se abra um debate sobre a questão. Precisamos ampliar esse debate para que seja construída uma proposta que atenda ao anseio de toda BH e não só dos moradores do entorno do aeroporto. Precisamos de uma proposta baseada em estudos técnicos", afirma.
Apresentada há alguns anos, a proposta da prefeitura de BH é transformar a área do aeródromo em um espaço produtivo e habitacional. Segundo o projeto, a parte próxima ao Anel Rodoviário seria o destino de indústrias não poluentes e de logística.
Em contrapartida, a outra parte receberia um parque com grande área verde e duas mil casas populares, com equipamentos básicos como escola municipal, postos de saúde, creches e centro comercial. O terreno tem 547 mil metros quadrados (m²).
A reportagem do Hoje em Dia procurou o Ministério de Portos e Aeroportos sobre a desativação do Aeroporto Carlos Prates e aguarda retorno.