(ANTONIO CRUZ/ABR/ARQUIVO )
Com a disparada de casos de gripe – em BH há sobrecarga na rede municipal, que registrou 59 mil atendimentos só em dezembro –, farmácias da capital registram alta procura e até falta de antivirais e antibióticos. Em alguns casos, o estoque está zerado há semanas.
A dificuldade das empresas para repor os remédios foi admitida, inclusive, pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF), nesta quinta-feira (6). A reportagem do Hoje em Dia fez contato com unidades da cidade e, segundo vendedores, a procura chegou a triplicar nos últimos dias.
"Estamos com falta de vários medicamentos há semanas, e isso inclui os que combatem sintomas gripais", explicou um atendente. "O Cimegripe (antigripal), por exemplo, está praticamente zerado, e o paracetamol (antitérmico e analgésico) nós só temos o genérico".
Até mesmo as grandes redes, como Araújo e Pacheco, confirmaram a alta procura. Na Araújo, a amoxicilina (antibiótico) 400mg já está em falta em algumas unidades.
O uso, no entanto, só deve ser feito após indicação de um médico, reforça o infectologista e professor da UFMG, Unaí Tupinambás. "Em relação ao uso de antibióticos, como amoxacilina e azitromiciana, lembramos que na grande maioria dos quadros infecciosos das vias aéreas, gripe, resfriado, Covid e H3N2, não está indicado o uso desses medicamentos. Esse uso abusivo de antibióticos está induzindo o aparecimento de bactérias multirresistentes".
Além de BH
A falta de medicamentos se estende para farmácias de outras cidades, como aponta a presidente do conselho regional da categoria (CRF-MG), Júnia Célia de Medeiros. Ela afirma que percebeu a corrida às farmácias, e destaca que a boa orientação nas lojas pode ajudar no encaminhamento dos pacientes.
"O farmacêutico, como profissional de saúde, além de orientar para o uso racional e correto dos medicamentos, deve alertar para os cuidados específicos e para a busca de atendimento em unidade de saúde”, explica.
Dados divulgados pela RD – Raia Drogasil, responsável pela Droga Raia, apontam que, no país, "desde o início de dezembro, a demanda por produtos de combate aos sintomas de gripe cresceu muito, chegando a triplicar em alguns casos, no comparativo com o desempenho observado nos últimos 90 dias".
A situação é semelhante em redes como Ultrafarma e Pague Menos. Segundo dados divulgados pelo CFF, "a venda de antigripais neste início de janeiro e fim de dezembro chega a ser 142% maior do que no mesmo período de 2021" para a Ultrafarma, enquanto a Pague Menos informou ter observado "aumento relevante nas vendas de produtos da categoria gripes e resfriados em novembro e dezembro de 2021, comparadas com o mesmo período de 2020".