Banana orgânica do Jaíba alcança o mercado de São Paulo

Jornal O Norte
26/05/2010 às 07:44.
Atualizado em 15/11/2021 às 06:30

Janaína Gonçalves


Repórter

Bananas orgânicas cultivadas em uma propriedade localizada no projeto Jaíba, na região Norte de Minas, vão ocupar o lugar de bananas convencionais nas gôndolas de uma grande rede de supermercados de São Paulo. O produtor Márcio Sonomura assumiu o compromisso de fornecer semanalmente para a rede cerca de 14 mil quilos da fruta. Ele diz que os embarques serão feitos a partir da primeira semana de junho.

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Produtores vão fornecer banana, a partir de junho, para 30 supermercados.

Sonomura informa que as bananas nanicas ou caturras, produzidas na Fazenda Arco Verde, serão comercializadas em 30 das 60 lojas que compõem a rede de supermercados Pão de Açúcar.

- Será uma experiência muito importante a partir da aposta de uma ideia da empresa que administra os supermercados, com o objetivo de atender a um volume crescente de consumidores que preferem alimentos orgânicos - diz.

Maior produtor de banana orgânica para o mercado in natura no Brasil, Sonomura adota as práticas alternativas de cultivo há quatro anos, obtendo safras anuais da ordem de 2 mil toneladas. Antes da crise econômica mundial, iniciada no segundo semestre de 2008, ele fornecia a fruta com exclusividade para a Alemanha na condição de único produtor, no Brasil, a comercializar banana orgânica no mercado internacional. A experiência foi bem-sucedida, porque a nanica, além de ser saborosa, demora mais que as outras para amadurecer depois da colheita.

- Esse fator é de fundamental importância quando se trata de exportação, porque o produto pode demorar mais de 20 dias no contêiner de um navio e tem que chegar ainda verde ao destino - afirma.

Atualmente, a produção colhida em 75 hectares da Fazenda Arco Verde é comercializada apenas no mercado interno, mas Sonomura pretende reiniciar as exportações quando for superada a crise na Europa. - Por enquanto o câmbio é desfavorável, diz. Já no mercado interno, o produtor tem comercializado a banana orgânica ao preço médio de R$ 8 a caixa de 22 quilos.

O investimento na produção orgânica é válido, segundo o produtor, porque o sistema preserva o solo e o conjunto das condições ambientais. Uma das consequências é a manutenção de micro-organismos benéficos à cultura, possibilitando plantas mais saudáveis e uma boa produtividade. O custo do material orgânico que Sonomura utiliza no cultivo de banana equivale ao dos produtos químicos convencionais. Além disso, ele utiliza os recursos próprios da fazenda.

- Temos 14 cabeças de gado, que produzem leite e esterco para ser transformado em biofertilizante e injetado no sistema de irrigação das bananeiras - diz.

Ele acrescenta que a propriedade ainda conta com cem carneiros que consomem a vegetação entre as bananeiras, além de galinhas, que consomem os insetos que podem prejudicar a plantação.

De acordo com o superintendente de política e economia agrícola da secretaria da Agricultura de Minas Gerais, João Ricardo Albanez, o mercado de alimentos orgânicos é cada vez mais competitivo e sempre oferece novas alternativas. 

- O segmento de frutas tropicais oferece possibilidades de renda tanto para os produtores mineiros interessados em exportar quanto para aqueles que preferem expandir sua atuação no mercado interno. Embora o custo de produção dos orgânicos seja geralmente mais alto, as propriedades ajustadas às exigências da certificação têm boas perspectivas de renda -afirma.     

Alimentos orgânicos só podem ser destinados à comercialização no atacado ou à exportação por produtores com propriedade certificada. A certificação é fornecida por empresa particular credenciada. 

- Para os agricultores familiares que vendem seus produtos diretamente ao consumidor (feiras livres) a certificação é dispensada com base na lei 1.0831 de 2003, decreto 6.323 de 2007 - explica o superintendente de segurança alimentar e apoio à agricultura familiar da secretaria da Agricultura, Lucas Scarascia.

Ele acrescenta que, para se beneficiar da lei, o agricultor familiar tem que estar vinculado a uma OCS - Organização de controle social, associação cadastrada no ministério da Agricultura ou em outro órgão fiscalizador da União, Estado ou município.

- A organização dos agricultores familiares é fundamental, porque possibilita a expansão da oferta de produtos orgânicos para o consumidor e dá aos produtores uma oportunidade de melhorar a renda, pois os preços dos produtos são diferenciados -, assinala o superintendente. De acordo com Scarascia, a produção de alimentos orgânicos na agricultura familiar é crescente e faz parte da história desse segmento.

A certificação de propriedades para a produção de alimentos orgânicos é um dos temas da VI Semana de Alimento Orgânico, que foi aberta no último dia 23. Dentro da programação, o Ima - Instituto mineiro de agricultura vai manter na quinta e na sexta-feira (27 e 28) um plantão montado pelo UNI-BH no campus do Bairro Buritis, em Belo Horizonte, com o objetivo de tirar dúvidas sobre o programa de certificação.     

A semana, que prossegue até domingo, 30, é uma promoção do ministério da Agricultura e instituições mineiras que integram a comissão de produção orgânica no estado, como a Emater-MG e a Epamig, também vinculadas à Ssecretaria da Agricultura. A Emater realizou ontem, 25,  palestras sobre a produção orgânica em parceria com a prefeitura de Rio Pardo de Minas, na região Norte do estado. Já a Epamig lançou, em parceria com a UFV-Universidade Federal de Viçosa, a publicação Controle Alternativo de Pragas e Doenças na Agricultura Orgânica.

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