Em 2013, apesar da retração do crédito e da baixa, por um tempo, dos juros básicos da economia, os bancos brasileiros registraram lucro de R$ 60,6 bilhões. É um valor recorde, maior em R$ 1 bilhão que o do ano anterior. Mesmo que ocorresse no Brasil crise imobiliária como a dos Estados Unidos, que abalou seriamente o mercado financeiro, nossos bancos resistiriam, assegurou na quinta-feira o Banco Central. É uma boa notícia. Muitos se lembram da crise bancária na última década do século passado no Brasil, pela qual ainda estamos pagando. O endividamento do governo de Minas retira dos cofres públicos, para pagamento parcelado da dívida e de seus encargos, um dinheiro que seria muito bem-vindo se pudesse ser empregado em infraestrutura, em saúde, em educação e em segurança pública, entre outros investimentos. Essa dívida teve como origem principal os empréstimos concedidos pelo governo federal para sanear os bancos estatais mineiros antes de sua privatização, durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Além de terem acumulado gordura nos últimos anos, com lucros sucessivos e redução de despesas via elevada utilização de tecnologia e terceirização de serviços, os bancos brasileiros não têm motivos, segundo o Relatório de Estabilidade Financeira divulgado pelo BC, de temerem uma bolha imobiliária. Há entre os economistas os que preveem que após a Copa do Mundo o preço dos imóveis vai parar de subir. Mas o diretor de Fiscalização do BC, Anthero Meirelles, afirma não ver nenhum sinal de ruptura “nem de crédito e nem de preço dos imóveis”, após julho. De qualquer modo, só haveria motivo para preocupação se os preços dos imóveis caíssem incríveis 45%. É possível concordar com o diretor do BC que não existe bolha imobiliária no Brasil. Os preços realmente subiram acima da inflação nos últimos anos, mas isso se deve muito menos à especulação do que ao aumento da demanda de cimento, de areia e de todos os outros materiais de construção, impulsionada inclusive pelo programa da Casa Própria. É diferente do que ocorreu nos Estados Unidos na década passada. O BC afirma que o crédito habitacional no Brasil é mais seguro, por vários fatores. Um deles: não é permitido fazer mais de uma hipoteca no imóvel, ao contrário dos Estados Unidos. Outro, a exigência de uma entrada alta. E ainda, os bancos têm os empréstimos amortizados logo nos primeiros anos, e a soma dos financiamentos habitacionais representa percentual pequeno em relação ao tamanho da economia. A Caixa Econômica Federal é o banco que mais empresta para o mercado imobiliário, com aproximadamente 70% desse segmento. E não se mostra preocupada. Tanto, que nesta semana revelou a intenção de aumentar em 14% o volume de crédito imobiliário, em relação a 2013, atingindo R$ 154 bilhões.