Bando de Andinho não foi único alvo de agentes do Denarc

Ricardo Brandt
24/07/2013 às 20:30.
Atualizado em 20/11/2021 às 20:21

A quadrilha do sequestrador Andinho não foi o único alvo dos supostos achaques praticados por policiais do Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico (Denarc). Relatório do Ministério Público aponta que, durante as investigações, o grupo foi flagrado tentando extorquir também um traficante ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC) da região de Jundiaí, interior de São Paulo. O caso indica, segundo os promotores, que o esquema envolvia outros policiais do Denarc e era prática sistemática do grupo.

O suposto sequestro ocorreu em 28 de maio, quando policiais do Denarc lotados na Delegacia de Investigações Gerais (DIG) levaram de sua casa o traficante Clayton Schimit de Araújo, conhecido como Bornai, que morava em Várzea Paulista. Ele estava com a prisão preventiva decretada a pedido do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), em uma investigação envolvendo o PCC, e era considerado foragido.

Em uma viatura da polícia, Bornai teria sido levado para o Denarc, em São Paulo, mas sem ser apresentado. Ele foi mantido durante toda a tarde dentro do carro, na rua, enquanto o pagamento do resgate estava sendo negociado, relata o documento. Escutas telefônicas e o depoimento do traficante confirmam a tentativa de extorsão, que acabou frustrada após uma equipe do Tático Ostensivo Rodoviário (TOR), da Polícia Militar Rodoviária, prender os comparsas de Bornai com o pagamento do resgate, na rodovia dos Bandeirantes.

Os policiais do TOR suspeitaram de quatro indivíduos, em um Astra preto, na rodovia dos Bandeirantes. Ao abordarem os suspeitos, encontraram R$ 40 mil em dinheiro com o grupo. Eles declararam que estavam no local para pagar policiais que estavam exigindo o dinheiro para soltar o traficante Bornai. Ewerton Caíque Soares, que dirigia o carro, acabou preso porque tentou subornar os PMs.

No dia do suposto sequestro, as escutas telefônicas autorizadas pela Justiça em telefones de membros do PCC flagraram uma conversa que indica que a facção foi acionada para levantar dinheiro para pagamento do resgate. "Como se tratou de mais um sequestro de integrante do PCC, a situação foi tratada por seus comparsas, que se movimentaram para a arrecadação da quantia de R$ 40 mil", escrevem os promotores.

Segundo o relatório do Gaeco, Bornai acabou sendo preso posteriormente pelos policiais do Denarc, após o resgate ter sido apreendido pela PM na rodovia. Bornai foi um dos presos que esteve na terça-feira, 23, no MP em Campinas para reconhecer os policiais.

Dos 13 policiais que tiveram prisão temporária decretada no dia 15, quatro foram soltos e três estão foragidos.
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