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O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, anunciou nesta quinta-feira (7) maior intervenção no mercado cambial para conter o dólar, que fechou o pregão em alta de 2,3%, cotado a R$ 3,926, o maior valor desde 1º de março de 2016. Até o final da semana que vem, serão realizados leilões adicionais de contrato de swap cambial, equivalente à venda de dólares no mercado futuro, no valor total de US$ 20 bilhões.
Goldfajn atribuiu a desvalorização do real ao cenário externo "mais difícil", em que a elevação da taxa de juros dos Estados Unidos reverte o fluxo de capital das economias emergentes para os países avançados. Ele garantiu que a atuação do BC será coordenada com o Tesouro Nacional para prover liquidez ao mercado. "O BC e o Tesouro vão continuar oferecendo, de forma coordenada, liquidez continuada, seja ao mercado de câmbio, seja no mercado de juros, enquanto for necessário", afirmou.
Por meio das operações de swap cambial, o Banco Central vende contratos de venda futura da moeda norte-americana, mas sem transferir o recurso de fato. Ao fim do contrato, o BC garante ao investidor o pagamento da variação do dólar no período e o investidor restitui a variação da taxa de juros no período. Se a taxa de juros for superior, o investidor embolsa os rendimentos. Se a moeda subir mais do que os juros no período, é o BC que sai ganhando. Esse contrato faz com que os investidores diminuam o apetite pela moeda norte-americana e o seu valor frente ao real seja reduzido no mercado de câmbio.
O presidente do BC não descartou adotar outras medidas de intervenção no câmbio, como o uso das reservas internacionais de US$ 380 bilhões do país para injetar dólar no mercado, ou a venda dos chamados contratos de linha. "Não temos nenhum preconceito em usar qualquer instrumento. Estou me referindo a swaps, reservas ou leilões de linha. Até hoje, vimos necessidade apenas na parte de swaps".
Goldfajn defendeu o regime de câmbio flutuante e ressaltou que a política monetária está separada da política cambial e que o BC não vai usar a taxa básica de juros da economia para interferir no câmbio, mas apenas para controlar a inflação.
Fundamentos
O presidente do BC destacou também os "fundamentos sólidos" da economia brasileira, como o baixo déficit na balança de pagamentos, de 0,4%, e o fluxo de IEDs no país, de 3,4% do Produto Interno Bruto (PIB) – soma de todos os bens e riquezas gerados no país. "O outro fundamento relevante é que temos uma inflação corrente baixa, até menor que a meta nos últimos 12 meses", acrescentou.
Ele defendeu ainda as medidas econômicas adotadas pelo governo, como a emenda constitucional do teto dos gastos (novo regime fiscal), e negou especulações de que ele poderia pedir demissão do cargo antes do fim da atual gestão. "Vou ficar até o final, trabalhando com todo afinco".