BH fecha as portas: flexibilização do isolamento no interior faz capital endurecer com visitantes

Renata Galdino
rgaldino@hojeemdia.com.br
07/04/2020 às 21:56.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:13
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Quase 18% das cidades mineiras já afrouxaram a quarentena. Segundo o governador Romeu Zema, em um debate virtual promovido pela empresa BTG Pactual, mais de 150 municípios autorizaram, até ontem, a retomada das atividades comerciais e industriais. Como justificativa, a ausência de casos de Covid-19 ou a propagação lenta do vírus nesses locais. 

Em meio à flexibilização no interior, Belo Horizonte fecha as portas. Com 270 pessoas testadas positivo para o novo coronavírus – metade do total em todo o Estado –, a capital promove, por meio da BHTrans, uma varredura nas publicações oficiais das cidades que têm transporte coletivo para a metrópole. 

A meta é identificar medidas que interrompam o isolamento social. A partir daí, passageiros vindos dessas áreas estarão proibidos de desembarcar na capital. Em nota, a autarquia informou que operações serão montadas para cumprir a determinação, dada pelo prefeito Alexandre Kalil na última segunda-feira.

Adesão
O trabalho promete ser pesado, uma vez que o número de municípios mineiros que estão flexibilizando o isolamento deve aumentar. Hoje, o governo do Estado planeja discutir diretrizes que vão nortear os prefeitos sobre o afrouxamento da quarentena. 

Nota técnica emitida pelo Ministério da Saúde, na última segunda-feira, deve ser levada em consideração. A orientação da pasta federal é que estados e municípios que não tiverem ultrapassado 50% da capacidade dos serviços de saúde, por conta da pandemia de Covid-19, comecem a transição para o distanciamento vertical no dia 13. Nesse formato, apenas pessoas com mais de 60 anos e do grupo de risco devem permanecer em casa.

No debate virtual, Romeu Zema informou que as diretrizes vão ser baseadas no porte da cidade, número de leitos e notificações da doença.
“Vamos criar critérios para dar maior conforto aos prefeitos, porque muitos não fizeram (a flexibilização) por receio. E muitos fizeram indevidamente”.

Ainda conforme o chefe do Executivo, a decisão de relaxar o isolamento será do próprio município. “Que é quem está vivenciando essa realidade”.<EM><QA0>

Cautela 
A avaliação sobre o afrouxamento das regras deve ser feita com cautela, alerta o infectologista Estevão Urbano, do Hospital Madre Teresa, em BH. “É ainda precoce falar nesse assunto em municípios que tiverem qualquer circulação viral, que tiveram um caso”, diz o médico, que integra o comitê de enfrentamento ao novo coronavírus criado em Belo Horizonte. Em nota, a Secretaria de Saúde da capital (SMSA) informou que vai manter a quarentena. 

A nota técnica do Ministério da Saúde não deve ser levada como uma obrigatoriedade. De acordo com o advogado Paulo Rodart, especialista em Direito Público, o poder público local pode adotar medidas por conta própria, dentro do que avalia garantir a saúde da população.
 

Além disso
Até a última quinta-feira, a ocupação de leitos clínicos e de UTI era de 60% em todo o Estado, conforme dados da Secretaria de Saúde (SES). Dos 2.013 de UTI para adultos, 66 abrigavam pacientes com Covid-19 ou suspeita da doença.

Em relação aos clínicos, 286 estavam ocupados por pessoas infectadas pelo novo coronavírus ou aguardando resultado de exame para a doença. ”A taxa de ocupação de leitos, de forma geral, no Estado é de 60%”, destacou a pasta em nota.

Também por nota, a Secretaria de Saúde de Belo Horizonte (SMSA) informou que atualmente há 72 pessoas internadas em UTI com doenças respiratórias. “De acordo com planejamento realizado e acompanhamento dos casos, a Rede SUS-BH conta com leitos suficientes para a demanda de pacientes com Covid-19”, garantiu.

No total, são 10.546 leitos, sendo 6.052 (57%) destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS). Desses, 3.218 são de enfermaria (1.945 na rede pública). De UTI são 1.070 vagas (600 do SUS).

A expectativa é a de abertura de aproximadamente mais mil leitos de enfermaria e UTI. O processo será gradativo, conforme demanda de pacientes com sintomas do novo coronavírus.

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