(FLÁVIO TAVARES)
Osbelo-horizontinos se solidarizaram ontem com as mortes da vereadora do Rio Marielle Franco (PSOL) e do motorista dela, Anderson Gomes, ocorridas na noite da última quarta-feira. Após se concentrarem em ato na Casa dos Jornalitas, no Centro de Belo Horizonte, mulheres líderes de movimentos sociais cobraram justiça no caso e saíram em caminhada para a Praça da Estação. Além de BH, houve protestos em várias cidades do país.
Os corpos foram enterrados por volta das 18h, no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, sob forte emoção de amigos e familiares. Por volta das 11h, milhares de pessoas se concentraram em frente à Câmara Municipal, onde foi realizado um ato ecumênico.
Marielle e Anderson foram mortos a tiros na noite de quarta-feira, dentro de um carro na região central carioca, quando a parlamentar ia de um evento para casa.
Houve ao menos nove disparos e os criminosos conseguiram fugir. Vídeo no portal do Hoje em Dia (hojeemdia.com.br) mostra dois carros fechando o veículo onde estava a vereadora e a sequência de tiros. Membros do PSOL afirmam que o crime tem características de execução – a polícia trabalha com esta hipótese. A Polícia Federal ajudará na investigação. A notícia repercute no exterior e o presidente Michel Temer se reuniu com ministros para discutir a segurança no Rio.
A vereadora, de 38 anos, ficou conhecida como militante do movimento negro e de direitos humanos, com denúncias recentes de violência policial contra moradores de favelas no Rio.
Protesto
Em Belo Horizonte, após o ato marcado por falas fortes e emocionadas na Casa dos Jornalistas, milhares de mulheres protestaram na Praça da Estação contra a violência sofrida pela vereadora e o motorista dela. Poesias, flores e palavras de ordem marcaram a manifestação.
Ex-secretária de educação e militante, Macaé Evaristo reforçou a importância de que as mulheres se manifestem publicamente em relação ao crime. “A gente sabe que Marielle foi morta por causa da pauta que apresentou, por ter denunciado o genocídio das pessoas negras, por ter se posicionado contra o patriarcado. Esperamos uma apuração, pois pessoas negras são assassinadas todos os dias e isso não acontece somente no Rio de Janeiro”, afirmou.
A professora da UFMG Marlize Matos estava bastante emocionada. “Sou eleitora no Rio. Votei em Marielle e vinha acompanhando seu trabalho. Além disso, estudo mulheres na política, e sei que ela foi morta por ser uma mulher na política. Quando a executaram, quiseram dizer que aquele não era um lugar de mulher ou de uma negra”, afirmou a professora. (Colaboraram Cinthya Oliveira e Rosiane Cunha)