BHTrans cria placas para reduzir índice de quase um acidente de moto por hora na capital

Raul Mariano
07/06/2019 às 20:21.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:01
 (Flávio Tavares )

(Flávio Tavares )

Belo Horizonte registra 21 acidentes com motos todos os dias, segundo levantamento da BHTrans. A média se mantém constante há pelo menos três anos e levou a empresa a aumentar as ações educativas com a instalação das “placas gentileza”, novo modo de reforçar a necessidade de acionar a seta antes das mudanças de faixa pelos pilotos. 

Nove já foram distribuídas em locais estratégicos, como as avenidas Mário Werneck, no bairro Buritis, Oeste de BH, e em vários pontos da Cristiano Machado, Amazonas e Antônio Carlos. Esses locais também concentram, junto com o Anel Rodoviário, a maioria dos acidentes. 

Diretor de Sistema Viário da BHTrans, José Carlos Ladeira explica que a ação é voltada para despertar a reflexão dos motociclistas. “É mais uma forma de chamarmos a atenção dessas pessoas para o tema”, explica. 

Ladeira detalha que outras medidas com foco nos motociclistas também vêm sendo realizadas. “Ampliamos o espaço de espera para as motos na frente dos carros no semáforo e redimensionamos a largura das faixas para garantir que as ultrapassagens sejam feitas de forma mais segura”, diz. 

Hoje, conforme ele, a capital tem uma frota de 250 mil motocicletas, sem contar com as que vêm da região metropolitana e trafegam pela cidade. Desse total, pelo menos 35 mil são motofretistas, ou seja, pessoas que trabalham com entregas e estão a maior parte do tempo em trânsito.

“O problema é que só 8 mil estão regulamentados na profissão, usam a vestimenta adequada e têm a moto com todas as adaptações necessárias, como por exemplo, o tamanho padronizado do baú”, afirma o diretor de Sistema Viário da BHTrans. 

Imprudência

A irresponsabilidade, no entanto, continua visível. Quem afirma é o tenente da Polícia Militar Rodoviária (PMRv) Luiz Fernando Ferreira, responsável pelo policiamento no Anel Rodoviário. O oficial afirma que a rodovia é o local com maior índice de acidentes motociclísticos na metrópole, dentre outras questões, em função do grande número de retenções ao longo da pista. Flávio Tavares 

Motociclistas trafegam em alta velocidade

“Os motociclistas aproveitam isso para trafegar em alta velocidade entre os carros, e se um condutor tenta mudar de faixa, o acidente acontece. Muitas vezes, a moto vai parar embaixo de caminhões e as mortes são inevitáveis”, relata o tenente. 
Para ele, as ações educativas e a fiscalização que é feita semanalmente são importantes, mas não suficientes. “Precisamos de melhorias na infraestrutura do Anel. Há muitas reduções de três para duas faixas que geram os congestionamentos e acabam contribuindo para acidentes”, avalia Ferreira.


Veículo sobre duas rodas vira fonte de renda e impulsiona frota 

A mudança no perfil dos motociclistas e a utilização das motos como ferramenta de trabalho também contribuem para o elevado número de acidentes nos corredores de Belo Horizonte, avalia o tenente Marco Antônio Said, do Batalhão de Trânsito (BPTran) da Polícia Militar. 

Ele afirma que, com o passar do tempo, a faixa etária desse grupo diminuiu e o trabalho com as motos passou a demandar muita pressa. “Hoje, essa categoria dos entregadores se acidenta muito, e geralmente é devido às manobras e ultrapassagens arriscadas diante da necessidade de ganhar tempo”, analisa. 

Consultor em transporte e trânsito, Márcio Aguiar é categórico ao afirmar que os acidentes com motos “vão continuar aumentando” em Belo Horizonte. 

Para ele, há mais motociclistas em circulação diariamente porque, com um transporte público deficiente e o combustível mais caro, essa passa a ser uma saída viável para quem precisa se locomover nas grandes capitais.
“Os jovens, principalmente, andam cada vez mais de moto. Nos horários de pico, em corredores como Antônio Carlos e Cristiano Machado, a quantidade de motociclistas é assustadora. É um problema que tende a continuar”, avalia o especialista. 

Trabalho

Aguiar ainda ressalta que a utilização de celulares e aparelhos GPS nas motos, principalmente pelos entregadores, é outro fator que eleva o número de acidentes. 

O Hoje em Dia mostrou, na edição de 21 de maio, que a prática amplia os riscos e que, de acordo com portaria do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), o manuseio do smartphone só é permitido com a moto ou carro estacionado. 

O uso com o veículo em movimento, mesmo em breves paradas como nos semáforos, é proibido. Ligações e aplicativos de mensagens de texto também não são permitidos. Quem for flagrado cometendo a infração considerada grave é multado em R$ 195 e perde cinco pontos na CNH.

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