Biofloco: o futuro da aquacualtura

Hoje em Dia
05/08/2015 às 08:08.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:13

Por: Ana Carolina Castro Euler e Jefferson Carlos Silva

O desenvolvimento da aquacultura no mundo é alavancado como resposta ao consumo e a necessidade da melhoria da segurança alimentar. Estima-se que a indústria aquícola cresça com o aumento da população mundial. A comprovada diminuição dos estoques pesqueiros em ambiente natural exige da aquacultura maior esforço para responder à necessidade de produção de alimento contornando, assim, problemas de escassez de água de qualidade, custo elevados da terra, impacto ambiental, dentre outros.

Minas Gerais é um estado privilegiado por possuir em seu território importantes bacias hidrográficas, com uma representatividade primordial no cenário nacional das águas, destacando-se como uma das unidades federativas de maior potencial para o desenvolvimento da aquacultura. São grandes as preocupações sobre os impactos que o crescimento e expansão das atividades agropecuárias podem gerar sobre o meio ambiente. A combinação entre elevadas densidades de estocagem de peixes e altas taxas de alimentação, quando não manejados adequadamente, pode interferir na qualidade da água.

A busca por tecnologias que superem os desafios, visando à redução dos impactos ambientais e ao uso sustentável dos recursos naturais está sendo proposta pelas instituições de pesquisa. Dentro deste cenário surge a técnica do cultivo em sistemas de Bioflocos (“Biofloc Technology” – BTF). A tecnologia chegou ao Brasil há cerca de dez anos, trazida dos Estados Unidos. É um sistema que adota altas densidades de estocagem, com pouca ou nenhuma renovação de água.

O cultivo é baseado na formação de flocos de micro-organismo, predominantemente aeróbia e heterotrófica, controlados por meio da manipulação da relação Carbono: Nitrogênio na água na presença de aeração e agitação da água. Esses agregados microbianos auxiliam na assimilação dos compostos nitrogenados presentes no ambiente de cultivo, possibilitando que a mesma seja reutilizada por diversos ciclos. Desta forma, contribui para a manutenção da qualidade de água por meio da assimilação direta do nitrogênio inorgânico, gerando proteína microbiana; e nutricionalmente, servindo como parte da dieta dos organismos cultivados, podendo contribuir, significativamente, para a melhoria da conversão alimentar e a redução dos custos de produção.

No entanto, é preciso muita atenção quanto ao controle do sistema (variáveis físico-químicas, volume do biofloco, entre outras). O total conhecimento e uma criteriosa manutenção são imprescindíveis para o sucesso, pois, se o meio desequilibrar, toda a produção pode ser perdida em poucos minutos. A produção aquícola em biofloco é uma alternativa viável e sustentável. Minimiza os problemas de qualidade de água e reduz a quantidade de efluentes gerados pela atividade. Torna possível a interação entre a economia clássica e a conservação dos recursos naturais.

A combinação entre elevadas densidades de estocagem de peixes e altas taxas de alimentação, quando não manejados adequadamente, pode interferir na qualidade da água

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